sábado, dezembro 30, 2006

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Algum Zapping em Dezembro

Cuidado com a língua
Esta é uma excelente aposta da RTP e que espero venha a ter uma grande longevidade. Pela simplicidade, pela demonstração, pelos exemplos, pela informação, pelo humor. Um dos melhores exemplos de serviços público da estação estatal, estação esta que nem sempre está livre de alguns pecadilhos.

Números
A premissa é desvendar crimes utilizando fórmulas matemáticas que estabeleçam padrões, permitindo estabelecer modus, localizações e prever comportamentos. É uma demonstração de uma vertente para a aplicação da matemática à vida real.
Não tendo conhecimentos para sequer suspeitar da falência de alguns dos conceitos apresentados, é curioso pensar que demonstra através do entretenimento o que é esse papão da matemática aplicada, de que muitas vezes ouvimos falar, mas que nós, meros mortais, ou meros humanistas, não conseguimos perceber muito bem.

Prime suspect
Um dos pormenores que gostei nesta série foi o facto de que a polícia forense ao investigar os locais dos crimes ir devidamente equipada com a indumentária adequada de modo a não comprometer e danificar as provas encontradas. Tudo o que infelizmente o CSI não faz. O segundo pormenor foi a personagem da “canalizadora” com um humor mordaz e perspicaz a toda a prova. E, finalmente, a humanidade e terror da história contada.

A anatomia de Grey
Para quê anunciar durante duas semanas um horário em que depois a série não é transmitida? Ainda não percebi a lógica.

O Impressionista, H. Kunzru

- … o segredo de viver reside principalmente em separa aquilo de que se gosta daquilo que não se gosta. A sua dificuldade é que sempre arranjou muito pouco para inscrever no lado positivo do balanço.
- Todo o mundo existe no passado.
- Isto devia ser tudo. Porém, pequenos milagres são entretecidos no desenho de todos os grandes acontecimentos.
- Talvez, quando se sente a falta de uma coisa o suficiente, seja possível forçá-la à existência.
- Uma pessoa é aquilo que sente que é. Ou, se não, deve sentir-se aquilo que é. Mas se uma pessoa for uma coisa que não sabe que é, quais são os sinais? Qual é a sensação de não ser quem se pensa que é?
- A tarde torna-se fim da tarde,
- O fim da tarde em noite.
- Há perguntas que é melhor não fazer. Há outras, quando feitas, que é melhor ficarem sem resposta.
… o poder de se furtar à vista é simplesmente uma forma mais profunda de androgenia.
… uma pessoa que se conhece formalmente não revela mais do que o papel que desempenha.
- … a diferença na dimensão do cérebro correspondem ao grau civilizacional e à capacidade de pensamento abstracto em todo o mundo.
- … começou a sentir-se deslumbrada com a plenitude do mundo, com a plenitude das coisas que não compreendia.
- O secretismo sugere profundidade e é esta sugestão que excita a fantasia das pessoas quando o vêem.
- A convicção não passa de uma sensação banal no estômago.
- Anglicidade é mesmice e o conforto da repetição.
- A inacção alimenta todo o género de males. É quando temos tempo para meditar que ficamos mais vulneráveis.
- Nem dentro, nem fora, nem participante, nem espectador indiferente, torna-se um deus menor do registo, observando as acções dos outros com concentração desapaixonada, marcando-os como pontos ou pequenas figuras no seu livro de quadrícula rectangular.
- Apesar da universidade ser geralmente entendida como uma instituição dedicada à excelência académica, é, na realidade, uma máquina de formação de carácter. O carácter não é inteligência.
- Custa-lhe acreditar, mas se a vida lhe ensinou uma coisa, foi que a fé é facultativa.
- Nós somos pessoas do dia a seguir.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Conseguirá...

Utilizo este espaço em branco para tentar aliviar a espécie de compressão que sinto no interior da minha cabeça. Será somente cansaço que me faz assim sentir? Ou será este deambular sem quaisquer objectivos definidos. Este andar à deriva ao sabor de uma brisa que não sopra e me mantém no mesmo local.
Conseguirá este vazio branco contrapor o vazio em negro da minha mente?

Dicionário

Salso - do Lat. Salsu, adj., salgado.
Bragal - de braga, s. m., a roupa branca de uma casa; pano de linho grosso de que se faziam as bragas; enxoval; medida de 7 ou 8 varas usada como unidade monetária em certas transacções.
Hierofante - do Lat. hierophante < do gr. hierophántes, o que explica os mistérios aos neófitos, s. m., sacerdote que presidia aos mistérios de Elêusis, na Grécia; em Roma, pontífice magno; fig., indivíduo que se inculca sabedor de ciências ou de mistérios.
Mentraste - do Lat. ment(h)astru, s. m., Bot., planta sinantérea medicinal; hortelã silvestre.

A Morte de Um Apicultor, L. Gustafsson

- … cada sítio pertence a uma época diferente.
- As doenças dão-lhes uma identidade. Isto é ainda mais verdadeiro para alguns dos mais velhos e humildes. A doença dá origem a um interesse pelas suas pessoas que nunca lhes for a dispensado quando tinham saúde.
- Talvez sejam sempre as nossas ideias que amamos.
- Não precisamos conviver com a realidade, podemos tranquilamente voltar a viver com a nossa ideia.
- Qual a distância máxima a que podemos amar uma pessoa? Resposta: menos de um milímetro. E sem nome.
- Parece não haver nada de que o subconsciente tenha tanto medo como a sensação de ser ninguém. E, servidor prestável, comecei a fabricar-me uma biografia!
- As pessoas que virão a significar alguma coisa para nós, encontramo-las não uma, mas pelo menos vinte vezes, antes de levarmos a sério o aviso.
- Eu tinha uma necessidade extraordinária de ser visto, naquele tempo. Se conseguimos seduzir alguém, então também conseguimos ser vistos.
- Sempre suspeitei que todas as soluções se encontravam algures entre a minha vida e outra.
- Desde que comecei a ter dores a sério, acontece uma coisa muito curiosa: são outras idades, outras recordações, que começam a tornar-se importantes para mim.
- A dor dramatizava o facto de eu ter um corpo, não, de eu ser um corpo.
- Nunca tinha compreendido que a possibilidade de nos concebermos a nós próprios como uma coisa una e ordenada, como um eu humano, depende da existência de uma probabilidade de futuro. O próprio sentido do eu assenta no facto de ele poder existir no dia seguinte também.
- Todas as coisas acabam por ter o sentido que nós lhe damos.
- O paraíso oferece problemas interessantes. O que é um estado de felicidade que se prolonga indefinidamente?
- … a palavra “eu” é a mais vazia de todas. É o ponto oco da língua.
- Recomeçamos. Não nos rendemos.
- O ser humano, esse estranho animal, balançando entre animal e esperança.
- O medo de enlouquecer é no fim de contas o medo de nos transformarmos noutra pessoas.
- No fundo de cada pessoa há um enigma impenetrável. O negro da pupila não é mais do que essa noite sem estrelas. O negro no fundo dos olhos não é mais do que as trevas do próprio universo.
- Só como enigma o ser humano assume toda a sua grandeza e transparência.
- Ninguém está em sua casa no universo.
- Eu, eu, eu, eu… ao fim de apenas quatro repetições uma palavra sem sentido.

- Era de um negro diferente, o negro esperto e enxuto dos répteis. Comparado com o olho de um réptil, o de um mamífero parece viscoso, meio embriagado pelas forças quentes da vida. O réptil olha a direito para o escuro, com um olhar seco. Sabe deus o que ele vê. Algo – diferente?

sábado, dezembro 16, 2006

Ando há dias a tentar reunir a coragem necessária para te contar o meu sonho. Para te dizer como no meu sonho despertei abraçada a ti. Melhor, abraçada por ti. A paz que senti com o teu calor que me aquecia a alma, quis dizer-to. O conforto dos teus braços que me queriam no seu círculo aberto. Tenho dificuldade em exprimir a serenidade que me deste nessa noite que sonhei contigo. E como não tenho coragem de dizer, escrevo-te, aqui, que quero acordar contigo sem ser num sonho meu.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A que distância te posso amar?

Photobucket - Video and Image Hosting
Aqui, ao meu lado, quando sinto o calor do teu corpo a invadir o meu? Além, quando o teu sorriso me faz sorrir também? Ao fundo da rua quando recordo os momentos juntos com prazer? Do outro lado da cidade, em que sabemos que não pensamos um no outro durante várias horas? Noutra cidade, em que pensamos apenas no momento do reencontro ou aqui, no milímetro da minha mente que se ocupa de te ter sempre presente em mim?

Amo-te na ideia de ti, em mim. Amo-te em mim.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

De crimen capitallis

Este livro sim, trouxe-me o Porto que percorri nestas férias. Os lugares são lugares reais, são lugares que visitei e fiquei a conhecer. Os jardins de Serralves e o seu anfiteatro, a baixa da cidade e os seus locais, o viaduto da alfandega, a penumbra da marginal. Agora, falta ficar a conhecer os locais comerciais, como; bares e restaurantes. E claro, muitos, muitos outros locais.
E este foi mais um capítulo na vida das personagens Jaime Ramos e Isaltino de Jesus e fornece uma maior viagem ao passado de Ramos. É um policial em que poucos ou nenhuns pormenores são revelados e que nos permite também uma incursão por terras brasileiras – ou não fosse esta outra paixão do autor – e pela sua pintura. Para quem viu há uns meses a série Um Só Coração alguns destes pintores brasileiros que se seguem não são novidade, mas aqui ficam:

Tarsila do Amaral - Llasar segall - Ismael nery - Vicente do Rego Monteiro - António Gomide - Victor Brecheret - John Graz - Cicero Dias - Di Cavalcanti - Candido Portinari - Anita Malfatti

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Um Crime Capital, F. J. Viegas

- … tinha recomeçado a vida depois de um divórcio por desinteresse mútuo.
- Era uma chuva fria porque vinha do mar. mas não era salgada, nem tinha aquela leveza da espumas das ondas.

- O que esperava que acontecesse então? – Que me traísse só. Que mos pusesse como uma mulher os deve pôr a um homem. Com categoria, claro, evidentemente. E com classe. E, se possível, em segredo. Ela era capaz disso tudo.

-… a partir dos quarenta, salvo erro, tomam-se opções muito claras sobre o casamento, as conveniências e as aparências.

- Dava-me jeito. Mas suponho que não vale a pena falar do que me dava jeito. O mundo é como é.

- … ao contrário do vinho, que não tem finalidade alguma quando é bebido com prazer.

- … não gostava de sonhos, nem de pesadelos, nem do próprio sono, até. Preferia a memória, que poucas vezes o traíra, e ele sabia que isso era uma sorte.

- … os bares devem ter uma luz própria, um tipo de bebidas e um tipo de frequentadores e todos os bares devem ter os seus homens perdidos, passageiros desesperados do fim da tarde, bebedores silenciosos, fumo nas paredes, mas sobretudo aquele silêncio de que ele gostava.

-O meu mundo acaba na Praça de Espinho, aos sábados, para comprar peixe. Daí para baixo já é o fim do mundo.

- A minha vida misturou-se comigo. Quer dizer, apareceu na história que andava a trabalhar. Como é que isso se resolve?

- Acredito só em coisas simples: maldade, inocência e vingança. A justiça é outra coisa, e nunca a encontrei. Mas encontrei a inocência, encontrei a maldade e encontrei a vontade de vingança.
-
O que fazes com essa idade? Não reservaste nenhuma memória que te salve, nenhum nome que te absolva, nenhum caso amoroso que explique as tuas tragédias pessoais, particulares, únicas, desinteressantes, tão banais que aparecem explicadas em todos os livros.

- Só ficamos surpreendidos de vez em quando, e isso é só quando queremos ou quando estamos distraídos. Já nada me surpreende.

-Falta-te alguma experiência literária para seres um bom polícia. Todos nós devíamos antes de entrar para isto ler uma biblioteca, interessarmo-nos por alguns livros. Eu comecei muito tarde. O Carvalho começou muito mais tarde. Mas é fundamental.

- Mas o preço funciona em função da sua raridade e do mito que se criou.

- Tímido o sorriso. É o sorriso que se usa nestas alturas, o dos parcialmente vencidos nas pequenas batalhas. Aprendera a usa-lo há muito tempo e praticara-o com aplicação nas circunstâncias indicadas e mesmo nas outras, nas que requeriam descrição, dissimulação ou só frieza.

- O amor é a última das ilusões, a última ilusão, o último instante de luz.

- A vida toda é só um arquivo monumental de que se escolhem duas ou três passagens, dois ou três minutos.

terça-feira, novembro 28, 2006

Marie Antoinette

Photobucket - Video and Image Hosting
Este foi o meu primeiro Sophia Copolla e deu para perceber o que já tinha lido sobre ela como sendo uma criadora de ambientes. E o filme vive exactamente disso, do ambiente criado em torno de Marie Antoinette, ou melhor, que acompanha Marie Antoinette.
Não acho que seja um filma extraordinário, mas considere-o um bom exercício de estilo. Pega-se numa personagem histórica com uma imagem pública denegrida e procura-se dar uma versão diferente e quase oposta da mesma. Segundo alguns historiadores, esta imagem histórica que conhecemos não será tão negra como se pinta, mas esta versão de Sophia também não convence como real. Parece demasiado delico-doce. Talvez isso se deva ao exagero de doces e cor-de-rosa que povoam o écrã.

Doces em quase todos os fotogramas. Nos que não há, há cor-de-rosa, é sempre muito, demasiado rosa que só é quebrado pelo vislumbre de uns all stars azuis. Pois é! Deve ser criatividade artistica.

For a isso, o guarda-roupa é lindissímo, os cenários também, ou não fossem eles reais, e o desempenho de Kirsten Dunst igualmente. Mas para mim o melhor, e mais digno de nota, é Jason Schwartzman na sua composição de um Luís envergonhado, desajeitado e com uma enorme paixão por fechaduras.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Dicionário

Vergontea - do Lat. virgulta, moita coberta de rebentos, s. f., Bot., ramo tenro de árvore; rebento; haste; fig., prole; filho; descendente.

Adstringir - do Lat. Adstringere, v. tr., unir, apertar, fazer encolher (os tecidos orgânicos); v. refl., cingir-se.

Meditabundo - do Lat. Meditabundu, adj., que medita; melancólico; reflexivo; pensativo; meditativo.

Sincipício - do Lat. sinciput < semi, metade + caput, cabeça, s. m., o alto da cabeça; cocuruto.

terça-feira, novembro 21, 2006

Minto até ao Dizer que Minto, J. L. Peixoto

- Nenhum dos seus gostos podia ser partilhado com uma multidão de desconhecidos.
- … não sei explicar todas as rodas dentadas daquilo que aconteceu.
- Estar errado é mentir sem saber. Errei quando disse tudo e quando não disse nada. Errei quando disse todos, ou ninguém, ou sempre, ou nunca. Seria tão bom se tivesse uma explicação simples para o mundo.
- Cheguei à rua quando a tarde chegava ao seu próprio descanso.
- … aceitar que os homens com mais de dois metros vêem o mundo de uma maneira que nunca poderei compreender completamente.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Os Filhos do Homem

Num futuro demasiado próximo, a humanidade será atingida pelo flagelo da infertilidade em proporções que colocam em risco a continuidade da espécie humana. A tensão e o desespero causados pela falta de perspectivas de um futuro culminam num estado de sítio globalizado.
É neste ambiente caótico que a personagem de Clive Owen é desafiada a acompanhar uma jovem grávida a um porto de abrigo onde poderá criar essa criança, que tem sobre si o peso da esperança de continuidade de uma humanidade em vias de extinção e que por isso mesmo é tratada como que um bem a ser detido e utilizado como moeda de troca sem qualquer atenção às suas necessidades enquanto ser individual e com direito a uma harmonia.
É de salientar a plausibilidade da história, a cenografia e a construção de ambientes extremamente realista e a realização.

Timbuktu, P. Auster

- … não há criatura que consiga ser alguma coisa nesta vida se não houver alguém que acredite nela.
- A diferença não residia no facto de um ser pessimista e o outro optimista, mas sim no facto de o pessimismo de um ter conduzido a um etos de medo, ao passo que o pessimismo do outro produzira um ruidoso e refractário desdém por Tudo Aquilo que Existia.
- Deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos. Isso é o melhor que um homem jamais poderá fazer.
- Eu próprio as pus muitas vezes e a única resposta a que cheguei em toda a minha vida é aquela que não responde a nada: porque eu quis que fosse assim. Porque não tive alternativa. Porque não há respostas a perguntas destas.
- E o poeta? O poeta, suponho, ficou algures no meio, no intervalo entre o melhor e o pior de mim.
- … uma jogada desesperada no vil jogo o Ego, que era precisamente o jogo em que toda a gente perdia, em que ninguém jamais poderia ganhar.
- Os pombos podiam ser mais estúpidos que os cães, mas era por isso mesmo que Deus lhes tinha dado asas em vez de cérebros.
- … era a prova provada de que o amor não era uma substância quantificável. Havia sempre mais amor algures e, mesmo depois de se ter perdido um amor, não era de modo nenhum impossível encontrar um outro.
- … a primeira vez que compreendia que a memória era um lugar, um lugar real que se podia visitar, e que passar um bocado no meio dos mortos não era necessariamente mau, que, na realidade, isso podia ser uma fonte de grande conforto e felicidade.
- É esse o problema com a gente miúda. Podem ter as melhores intenções, mas não têm poder nenhum.

terça-feira, novembro 14, 2006

De portus ficcionis

Visitei agora o Porto.Ficção porque julguei que só agora saberia identificar alguns dos seus locais e assim compreeender as suas intesidades e profundidades. No entanto, a maioria dos contos desta colectânea elaborada son a égido da Porto 2001 tanto poderia, a meu ver, ter como pano de fundo o Porto como qualquer outra cidade. Claro que são mencionados locais, mas estes nem sempre conferem qualquer intensidade às histórias de que servem de cenário. São apenas isso: cenários, e não personagens de súbtil intervenção, como inicialmente esperava.
Talvez o erro seja meu. Não se deve esperar nada dos livros, apenqas receber o que eles estiverem dispostos a revelar.
Curioso é o facto de todos os textos dos autores brasileiros terem como temática o resgate de um passado familiar: uma mãe, um avô, uma infância, uma memória de palavras. É a maldição deste nosso país irmão que encontra em Portugal um sempre presente fantasma do passado. Nunca é a visão de um começo, de uma tábua rasa de descoberta, há sempre um grão de passado. Essa fatalidade nacional que nós mascaramos de saudade e que inevitavelmente passamos aoutros paises da lusofonia. Portugal é sempre um retorno e nunca um início.

sábado, novembro 04, 2006

Porto. Ficção, VVAA

- Mas as freiras não esquecem nunca. São os elefantes de Deus.
- O homem nasceu só e vai morrer só. Por mais que tentem encobrir a verdade de Deus.
- A saudade é essa forma de fazer do horror o orgulho da nação.
- Os nossos contemporâneos da infância são a prova viva de que um dia também fomos jovens.
- Sem eles, a nós não restava mais do que a velhice.
Bernardo Carvalho
- Qualquer poeta sabe que se deve começar pelo espaço…
- … o espírito do corpo como o espírito do lugar, começa exactamente pelo seu exterior.
- O grande problema do poeta é trabalhar demasiado a metáfora, esquecer demasiado a intriga.
Lídia Jorge
- Minha infância foi tão extensa que nunca notei esse tamanhinho do lar. Ainda hoje, esse tempo é o lugar mais extenso do universo.
- Uma reapredizagem tão profunda implica uma radical perca de juízo. Isto é, implica a infância.
Mia Couto

- … atingiu os sessenta anos de idade. Era altura de pensar na vida. Ou melhor, na morte e nas suas inconveniências.
Pepetela

- … os dias são o arco de luz que só a memória perfaz…
- Uma cidade não se dá, come-se devagar como um nome estranho que resiste na boca, uma cidade não tem horas certas, de repente estamos na hora absoluta, às vezes é só um minuto essa hora.
- … um nome é a paz de qualquer chegada.
Rui Nunes

- Como uma árvore, às vezes penso, o homem pode subir alto, mas as raízes não sobem. Estão na terra, para sempre, junto da infância e dos mortos.
Vergilio Ferreira

sexta-feira, outubro 27, 2006

Reminiscências esfumadas

Por vezes, antes de dormir, penso na minha vida sob vários aspectos: o que desejo, o que tenho, o que necessito, o que de mim esperam, e vou conjugando todas estas perspectivas até que chego a sábias conclusões e decisões. Depois o sono chega e ao longo da noite invadem-se imagens várias que me intrigam e distraem e me levam a lugares e realidades imaginárias. E é no meio desta azáfama virtual que a manhã me encontra e me desperta para os afazeres do quotidiano.
E quando tento trazer à memória a agitação da noite, não consigo. Vislumbro apenas reminiscências esfumadas da noite que por mim passou. Não consigo aceder às conclusões e decisões tão sabiamente atingidas, nem às imagens que me povoaram a mente. De quando em quando parece que encontro o fio da meada, mas é apenas mesmo um pequenino fio, nada mais. Nada mais.

quinta-feira, outubro 26, 2006

O Perfume, P. Suskind

Photobucket - Video and Image Hosting
- Tinha horror aos pormenores técnicos, porque os pormenores significavam sempre dificuldades e as dificuldades significavam sempre uma perturbação da sua tranquilidade de espírito, o que lhe era impossível suportar.
- Apenas escolhera a vida por uma questão de desafio e pura malvadez.
- … o espírito do que havia sido, liberto dos importunes atributos da presença…
- Conhecia no máximo raríssimos estados de um morno contentamento.
- A infelicidade de um homem resulta em não querer manter-se tranquilamente no seu quarto, onde pertence.
- … passara a vida a renunciar, ao passo que nunca havia possuído e perdido depois.

Dicionário

Bergamota - do Turc. begarmudy, pêra do senhor, s. f., Bot., planta labiada odorífera; espécie de pêra de muito e delicado sumo; variedade de limoeiro de cujo fruto se extrai a essência do mesmo nome, com aplicação em perfumaria.

Lábdano - do Ing. Labdanum, s. m., produto resinoso de algumas plantas, em especial da esteva-de-creta; ládano.

Decocção - do Lat. Decoctione, s. f., operação que consiste em extrair os princípios activos de uma substância vegetal por contacto mais ou menos prolongado com um líquido em ebulição; cozimento.

Estoraque - do Lat. styrace < Gr. Stýrax, s. m., bálsamo; resina odorífera produzida pelo estoraque; Bot., arbusto da família das estiráceas que produz aquela resina; benjoeiro; Beira, boémio; estoira-vergas.

terça-feira, outubro 24, 2006

A Poeira que cai sobre a terra, F. J. Viegas

- … gostava de promessa, questões de fé - era coisa de céptico.
- Um homem vive com pouco quando não vive de nada.
- Homens solitários não aprendem novos caminhos…
- Males de amor não me interessam … o amor é um incómodo.
- Sentimentalismo é fácil de mais, banal demais. Versos. Palavras com efeitos certos, com sentidos muito parecidos ao seu contrario.
- … a primeira inutilidade a ser destruída, o amor.
- A primeira vez que ele enfrentara a morte aconteceu numa manhã em que se olhou ao espelho e percebeu que tinha quarenta e cinco anos e compreendeu que metade da sua vida tinha sido gasta, desperdiçada ou apenas vivida.
- … aprendera que as grandes histórias de amor terminam com o frio da morte, terminam no frio da morte. E que, muito frequentemente, o amor leva à morte…
- A delicadeza da vida abandonada incomodava-o. aquela delicadeza.
- E há casas, porque as casas são fundamentais numa história.
- … as explicações são um luxo inacessível muitas vezes, uma contrariedade para toda a vida.
Photobucket - Video and Image Hosting

sábado, outubro 21, 2006

De Abril Despedaçado

Este título significa para mim a descoberta de uma nova realidade, um novo mundo que não tinha noção que pudesse existir. Uma realidade que me parecia longínqua no tempo, mas que se me revelou ainda viva.
Escrito em 1974 por Ismail Kadaré, Abril Despedaçado transporta-nos para os áridos planaltos albaneses onde impera o kanun, uma lei consuetudinária com origem em tempos imemoriais, e caracterizada pelo fatalismo e pela impossibilidade de fuga. Em 2002 o realizador brasileiro Walter Salles adaptou esta história de fatalidade ao cinema, transpondo a acção para o recôndito e igualmente árido interior brasileiro. E se o cenário não é o mesmo, o que provoca adaptações ao enredo, no entanto, este mantêm a sua essência inalterada.
Em ambos, o drama humano é tratado com extrema delicadeza e subtileza, mostrando o vazio e a falta de perspectivas a que as personagens estão votadas. A incapacidade de lutar contra o peso da tradição que é tão opressiva quanto o horizonte árido que as rodeia, no qual a vida parece sempre condenada e onde a morte é um dado sempre presente e visível.
O kanun, que dá um aparente livre arbítrio aos homens, encontra apenas uma ligeira fuga, ou antes, um breve adiar da sua sentença pelo amor. Deste modo o papel da mulher apresenta-se como redentor, sendo ela a única figura capaz de desafiar a velada e imposta autoridade, pois devido à sua aparente fragilidade está fora do alcance do kanun, mas como é igualmente observadora exterior e vitima, é a única capaz de o questionar.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Exercício

I
O plangente estado do fiacre, que outrora assemelhava um luxuoso escrínio, provocou em todos uma reacção gemebunda.

II
Ela, delicadamente levantou a longa saia, apenas o suficiente para lhe permitir uma digna ascensão ao interior do fiacre, Luxuosamente decorado, era como um digno escrínio concebido para realçar a sua elegância e beleza. E da fenestra vislumbrava-se apenas a sua plangente face, cuja placidez era somente entrecortada por um leve tremor gemebundo.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Relato tardio de férias

Este ano um dos programas de férias incluiu uma ida ao Porto, uma cidade que não conhecia. Vi muitas coisas, mas muitas mais ainda ficaram por ver. A viagem valeu em muito pelos quarto dias completamente fora da rotina e apercebi-me do quanto essas pausas ocasionais são necessárias para restabelecer forças e serenar os ânimos.
Depois foram vários fins-de-semana na santa terrinha, em que nem tudo foram rosas e em que infelizmente não aproveitei o que gostaria. Às vezes bem penso que tenho de pensar mais em mim, mas acabo sempre por estabelecer outras prioridades.
Uma outra pausa igualmente necessária foi o concerto dos Simply Red, cuja música para mim é autêntica musicoterapia. Acho é que precisava de mais uns quantos durante o ano. Talvez a carteira é que não gostasse muito…
Os dias que fiquei em casa só me apeteceu molengar, molengar, molengar e o mínimo toque do telemóvel só me dava vontade de o mandar contra a parede e a outra pessoa dar uma volta.
Agora retomaram os afazeres, os encontros, a algazarra, os compromissos. Espero que este ano, que animicamente esteve bem longe de ser dos melhores, acabe bem melhor do que começou, porque apesar de me sentir bem melhor, afinal o sol é para isso que serve, ainda me sinto bastante periclitante e relativamente instável.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Abril Despedaçado, I. Kadaré

- … todo aquele edifício de morte, era ele quem o tinha erigido.
- Estamos a aproximar-nos da zona obscura, da zona onde as regras da morte se situam antes das regras da vida.
- Há gente idiota, mas não existe um estado estúpido. Se o estado faz de conta que não vê o que se passa, é porque sabe muito bem que a sua máquina judiciária ia emperrar ao primeiro confronto com o antigo código.
- Como todas as coisas grandiosas, o kanun está para além do bem e do mal.
- É simultaneamente absurdo e fatal, como todas as coisas grandiosas.
- De algumas pancadas batidas a uma porta pode depender a sobrevivência ou a extinção de gerações inteiras.
- … os vivos não passam de mortos de passagem por esta vida…
- a pouco e pouco, o espírito enchia-se de uma nebulosidade acinzentada. Qualquer coisa mais do que nevoeiro mas menos do que pensamento. Qualquer coisa de intermédio, opaco, extensível e lacunar. Mal uma zona do seu cérebro se descobria, logo outra se encobria.
- E sentiu que aquela era uma pergunta que podia preencher toda uma existência humana.

Photobucket - Video and Image Hosting

quinta-feira, outubro 12, 2006

Dicionário

Plangente - do Lat. Plangente; adj. 2 gén., que chora; triste; lamentoso; lastimoso.
Fiacre - do Fr. fiacre < (Saint) Fiacre, s. m., trem de aluguer.
Escrínio - Lat. Scriniu, s. m., escrivaninha; cofre pequeno; guarda-jóias; estojo.
Gemebundo - do Lat. Gemebundu, adj., que geme; gemedor.
Para retorno de ferias, a notícia de que os dados foram mal lançados e que uma nova jogada não poderá ser realizada tão prontamente quanto isso.
Há que saber esperar sem desesperar.

segunda-feira, agosto 28, 2006

É verdade...

... os dias estão a ficar mais pequenos e as noites maiores e mais frias. Começa a saber bem um cobertorzinho...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Hamlet na Regaleira

A mais reconhecida peça de Shakespeare está em cena nos jardins da Quinta da Regaleira em Sintra até ao próximo dia 09 de Setembro, numa produção a não perder.
A mais recente produção do Teatro Tapafuros mantém os parâmetros a que já nos habituou, demonstrando, no entanto, uma maior maturidade, resultado da qualidade homogénea de todos os elementos que a compõem.
Sendo uma das mais extensas peças shakesperianas, Hamlet requer um enorme esforço físico por parte dos seus actores, nos quais é notória a entrega de corpo e alma às personagens, nunca cedendo a falhas no ritmo intrépido a que é transmitido o texto.
A encenação de Rui Mário é sóbria ao apostar na simplicidade de adereços (utilizando os estritamente necessários), sem deixar de demonstrar as complexidades da trama através de uma coreografia de grande beleza estética, que serve o texto na perfeição. Neste aspecto, é bem coadjuvado pela banda sonora omnipresente que se funde com as várias densidades dramáticas, sem, no entanto, as ofuscar.
De notar ainda, o criativo guarda-roupa que funde influências medievais e modernidade.
Não percam!

quarta-feira, agosto 23, 2006

Finalmente...

... descobri o nome de um filme que ví já há alguns anos no 5 Noites, 5 Filmes, mas como não vi o início nunca soube o nome. Está desvendado o mistério:

Tese, de Alejandro Amenábar
Photobucket - Video and Image Hosting

Recomendo!

De Palhaços

Para mim os palhaços perderam grande parte da sua magia quando tinha uns sete, oito anos de idade. Foi quando percebi que a magia para funcionar em pleno exige uma certa distância entre o seu fazedor e o seu público. Uma vez diminuído esse afastamento qualquer momento é propicio ao desmantelar da magia.
Fui ao salão dos bombeiros assistir a um espectáculo para os sócios e uma das atracções era um palhaço para animar as crianças. Sentados todos em roda do palhaço foi uma completa alegria até ao momento em que num gesto aleatório sujei a manga do meu vestido azul com a tinta da maquilhagem dele. A partir desse momento já não consegui desfrutar da brincadeira. Só olhava para a mancha e pensava que o meu vestido tão lindo estava sujo e que a culpa era daquele palhaço e cada vez que olhava para ele já não via o palhaço mas sim alguém assim vestido.
Já não era divertido era algo esquisito e estranho. A roupa era suja nalgumas partes como se não sendo lavada após cada actuação. A maquilhagem estava longe de ser perfeita. Os contornos não eram tão precisos como primeiro pareciam e conseguia perceber a porosidade da sua pele.
E fiquei assim o resto da animação sentada a observar os pormenores a desfazer a ilusão, sorrindo sem convicção quando ele olhava para mim, pois eu percebia que para os outros miúdos aquilo estava a ser uma festa.
Fiquei satisfeita quando acabou e pudemos ir brincar à apanhada.

Photobucket - Video and Image Hosting
Henry Miller

terça-feira, agosto 22, 2006

quinta-feira, agosto 17, 2006

LUCKY NUMBER SLEVIN



Uma excelente surpresa!

Depois da leitura da sinopse promocional a reacção foi: deve ser uma grande banhada, mas depois, há falta de outras boas opções, acabou por ser o título vencedor, e que se revelou um óptimo filme.
Um argumento muito bem construído e sublimado por uma edição excelente. A cinematografia e a trilha sonora a criarem a ambiência perfeitas à história. E, last but not least, as interpretações irrepeensiveis, com J. Hartnett a demonstrar que é muito mais do que um rosto bonito. Há já quem aposte em nomeações...

Como as cerejas

Gosto quando um livro/filme/música/quadro me leva a um filme/quadro/música/livro, sendo a ordem dos factores relativamente irrelevante.
Gosto que ao ver um filme como Mondigliani, assumidamente ficcional, me faça descobrir a veracidade por detrás da verosimilhança e assim rever os quadros de Picasso e de Mondigliani. Descobrir a existência de Utrillo e que Chaim Soutine não é só a personagem calmuca de um dos Contos Imprevistos de Roald Dahl. E para quem não conhece, foi este senhor que escreveu Charlie e a Fábrica de Chocolate que Burton adaptou ao cinema. Assim, chega-se a casa, pega-se na enciclopédia e ocupa-se mais uns bites na base de dados. E talvez seja agora a vez de descobrir Gertrud Stein e Jean Cocteau.
Gosto das invisíveis ligações que se tecem em tudo o que nos rodeia e apreendemos. Como quando ao ler H. Kunzru e Salman Rushdie constato o quão importante é a questão da identidade para um povo colonizado, uma questão próxima da realidade da nossa colonização e tantas vezes abordada por Agualusa. Somos o quê?
Pelo que apreendo a anglicidade e a lusofonia têm diferenças, ou talvez eu assim o sinta por não sentir o completo efeito da lusofonia, pois não é um conceito que me seja imposto. No entanto, sinto que a anglicidade de Dahl, Lodge, Kunzru e Rushdie são um conjunto de regras e convenções sociais quase intransponíveis.
A lusofonia, se é que são realmente conceitos paralelos ou até comparáveis, não o parece ser. Talvez seja devido ao nacional porreirismo.
Mas gosto de receber as linhas que se inscrevem nessas histórias e com elas tecer mas um pouco da minha malha de entendimentos.
Por isso, quando revistas e até iogurtes sugerem livros, não nego à partida um autor que desconheço. Nunca se sabe onde uma nova página nos levará.

P.s. E nem a propósito, entre escrever e postar este artigo comprei o livro Abril Despedaçado de Ismaíl Kandaré que serviu de base ao filme homónimo do brasileiro Walter Salles. Se a história é a mesma o cenário é bastante diferente.

sexta-feira, agosto 11, 2006

O Sorriso ao pé das Escadas, H. Miller

- Sermos nós próprios, unicamente nós próprios, é algo de extraordinário. Mas como chegar a isso, como alcança-lo? Ah!, eis o truque mais difícil de todos. Difícil, exactamente, porque não envolve esforço. Tentas não ser isto nem aquilo, nem hábil nem desajeitado… estás a perceber? Fazes o que te vem à mão. De boa vontade, bien entendu. Porque não há nada que não tenha a sua importância. Nada.
- … há milénios que os seres humanos se enganam no caminho, há milénios que todas as suas buscas e interrogações desaguam num beco sem saída.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Quando o sol tomba no horizonte

Quando o sol tomba no horizonte
E a luz diáfana já não é suficiente
Para decifrar as letras que leio
Levanto os olhos e recebo
O seu vagaroso diluir
Quando somente uma réstia de luz
Cinza o céu
Olho para dentro e vejo o vazio
E fico triste
Ninguém entrará e tento ocupar o espírito
Até o sono vir
Mas o sono tarda, tarda
E a tristeza cresce
E quando cansada cede finalmente lugar ao sono
Será somente para ganhar forças
Amanha voltar novamente
Quando o sol tombar no horizonte.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Penguin's 60s

Para comemorar os sessenta anos de existência, a Penguin reeditou 100 dos seus títulos mais emblemáticos, divididos por 20 temas. Alguns, poucos, estão lidos, outros dificilmente alguma vez o serão. No entanto, cá fica a listinha.

THE BEST JOURNEYS
On the Road
, Jack Kerouac – na prateleira, iniciado, mas não achei muita piada.
The Odyssey, Homer
The Grapes of Wrath, John Steinbeck
Three Men in a Boat, Jerome K. Jerome
Alice’s Adventures in Wonderland, Lewis Carroll – tenho uma aversão a esta personagem que não consigo explicar, dificilmente lerei o livro, mas nunca se sabe
THE BEST DECADENCE
The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald – na prateleira
Vile Bodies, Evelyn Waugh
The Picture of Dorian Gray , Oscar Wilde
The Beautiful and Damned, F. Scott Fitzgerald
Against Nature, J. K. Huysmans
THE BEST REBELS
The Autobiography of Malcolm X, Malcolm X
The Outsider, Albert Camus – a pergunta dos 12.500
Animal Farm, George Orwell – lido aos 17 contribuiu em muito para o meu cepticismo em relação ao ser humano, mesmo assim continuo a pensar que é preciso acreditar em ideais para que o mundo melhore
The Communist Manifesto, Karl Marx and Friedrich Engels
Les Misérables, Victor Hugo
THE BEST SCIENCE FICTION
The Time Machine, H. G. Wells
The Man in the High Castle, Philip K. Dick
The Invisible Man, H. G. Wells
The Day of the Triffids, John Wyndham
We, Yevgeny Zamyatin
THE BEST VIOLENCE
A Clockwork Orange
, Anthony Burgess
Hell’s Angels, Hunter S. Thompson
A Tale of Two Cities, Charles Dickens
Another Country, James Baldwin
In Cold Blood, Truman Capote – na prateleira, iniciado e não me parece que seja acabado tão depressa quanto isso
THE BEST HIGHS – nesta secção só mesmo o Trainspotting, muito Hilário!
Junky, William S. Burroughs
The Moonstone, Wilkie Collins
Confessions of an English Opium-Eater, Thomas De Quincey
The Subterraneans, Jack Kerouac
Monsieur Monde Vanishes, Georges Simenon
THE BEST SUBVERSION
1984, George Orwell
The Monkey Wrench Gang, Edward Abbey
The Prince, Niccolo Machiavelli
Bound for Glory, Woody Guthrie
Death of a Salesman, Arthur Miller
THE BEST CRIMES
Maigret and the Ghost, Georges Simenon
The Woman in White, Wilkie Collins
The Big Sleep, Raymond Chandler
A Study in Scarlet, Arthur Conan Doyle – hum, xiiii, há tantos anos
The Thirty-Nine Steps, John Buchan
THE BEST ADULTERY
Madame Bovary
, Gustave Flaubert
Thérèse Raquin, Emile Zola
Les Liaisons dangereuses, Choderlos de Laclos
The Scarlet Letter, Nathaniel Hawthorne – depois de The House of the 7 Gables não me parece que volte a pegar em Hawthorne
Anna Karenina, Leo Tolstoy
THE BEST DEBAUCHERY
I, Claudius
, Robert Graves – bem, agora a série está em DVD
Hangover Square, Patrick Hamilton
The Beggar’s Opera, John Gay – quem sabe um destes dias, afinal adorei a Ópera do Malandro do Chico Buarque
The Twelve Caesars, Suetonius
Guys and Dolls, Damon Runyon
THE BEST ACTION
Treasure Island, Robert Louis Stevenson – na prateleira
The Iliad, Homer
The Count Of Monte Cristo, Alexandre Dumas – depois do filme, deve ser difícil lê-lo
From Russia with Love, Ian Fleming
War and Peace, Leo Tolstoy
THE BEST LAUGHS
Cold Comfort Farm,
Stella Gibbons
The Diary of a Nobody, George and Weedon Grossmith
The Pickwick Papers, Charles Dickens
Scoop, Evelyn Waugh
Lucky Jim, Kingsley Amis
THE BEST CRAZIES
One Flew Over the Cuckoo’s Nest
, Ken Kesey
The Diary of a Madman, Nikolai Gogol
Wide Sargasso Sea, Jean Rhys
Crime and Punishment, Fyodor Dostoyevsky
Notes From Underground, Fyodor Dostoyevsky
THE BEST SEX
Story of the Eye, Georges Bataille
A Spy in the House of Love, Anaïs Nin
Lady Chatterley’s Lover, D. H. Lawrence – na prateleira, grande maluco para a época aquele Lawrence
Venus In Furs, Leopold Von Sacher-Masoch
The Canterbury Tales, Geoffrey Chaucer
THE BEST VILLAINS
The Brothers Karamazov, Fyodor Dostoyevsky
Heart of Darkness, Joseph Conrad – livro excelente, e, pela 59ª vez, afirmo a origem da melhor adaptação cinematográfica que já vi: Apocalipse Now
Diamonds are Forever, Ian Fleming
The Master and Margarita, Mikhail Bulgakov
The Secret Agent, Joseph Conrad
THE BEST LOVERS
A Room with a View,
E. M. Forster
Wuthering Heights, Emily Brontë – primeiro ano de faculdade, depois deste, nunca mais li um livro sem um lápis na mão para os sublinhados
Don Juan, Lord Byron
Love In A Cold Climate, Nancy Mitford
Cat on a Hot Tin Roof, Tennessee Williams
THE BEST HEROES
David Copperfield, Charles Dickens
Middlemarch, George Eliot
She, H. Rider Haggard
The Fight, Norman Mailer
No Easy Walk to Freedom, Nelson Mandela
THE BEST TEARJERKERS
Of Mice and Men,
John Steinbeck
The Age of Innocence, Edith Wharton – tema de trabalho na faculdade, gostei de pedir à professora se podia personalizar o tema pois não concordava com as duas propostas dela
Notre-Dame De Paris, Victor Hugo
Jude the Obscure, Thomas Hardy – na prateleira
The Old Curiosity Shop, Charles Dickens
THE BEST SPINE-TINGLERS
The Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde, Robert Louis Stevenson
Dracula, Bram Stoke
Frankenstein, Mary Shelley – em tempos de clonagem, deveria ser leitura obrigatória, pois aborda muito claramente o tema da “criação artificial” de um ser e o modo como o tratamos
The Castle of Otranto, Horace Walpole – na prateleira
The Turn of the Screw, Henry James – na prateleira
THE BEST MINXES
Vanity Fair
, William Makepeace Thackeray
Lolita, Vladimir Nabokov
Baby Doll, Tennessee Williams
Breakfast at Tiffany’s, Truman Capote – ao contrário da música, adoro o filme
Emma, Jane Austen – filme engraçado

Dicionário

almofaça - do Ár. Almuhassa, s. f., escova de ferro com que se limpam os cavalos.

engolfado - adj., mergulhado, imerso; fig., absorto, concentrado.

malsão - fem. Malsã de mal + são, adj., doentio; insalubre; enfermiço; mal curado; fig., maldoso; maléfico.

estrénuo - do Lat. Strenuu, adj., tenaz; esforçado; valente; corajoso.

rododendro - do Lat. rododendron < Gr. rhodódendron < rhódon, rosa + déndron, árvore, s. m.,
género de ericáceas ornamentais; loendro; cevadilha.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Em Valada deixei o meu coração

Photobucket - Video and Image Hosting
Nem todas as férias são iguais, nem todas as férias conseguem em nós a sensação de zerar todas as contas. Nem todas as férias ou pausas ou companhias ou locais confluem para um novo ânimo, para a sensação de paz pela qual há muito aspirava. Por isso, quando essas férias acontecem guardamo-las em nós como um tesouro incalculável, feito de risos, de água morna, de tranquilidade, do ar ao fim da tarde a bater no nosso rosto e a secar o nosso cabelo, de um sorriso amistoso, do pôr do sol, do constante e apaziguador chilrear. Saí rejuvenescida, tranquila por ter descoberto um dos segredos da felicidade. Pronta para as próximas contas de cabeça e ciente de que agora basta fechar os olhos para regressar por momentos ao paraíso, não perdido, mas felizmente só partilhado por alguns.
De muitos agradecimentos, um em especial ao Mário pelo convite singelo. Recebi mais do que poderia alguma vez imaginar.

De vozes graves…

Resolvi pesquisar no meu porta CDs (é verdade ainda não aderi ao mp3) e o resultado foi:
Nana Caymi
André Sardet
Sting
Elvis Costello
Joss Stone
Mick Hucknall
Tori Amos
Bryan Ferry
Marisa Monte
Anne Sofie Von Otter
Bono
Maria Bethânia
George Michael
Chris Isaak
Freddie Mercury
Bruce Springsteen
Amália
Robbie William
Leonard Cohen
Carlos do Carmo
Definitivamente, vozes graves…

quarta-feira, agosto 02, 2006

No dia em que eu nasci...

21
São os crianções. Eternamente joviais, têm uma loucurasadia que os faz interessar-se em várias coisas aomesmo tempo. Podem sobressair-se nas artes dramáticasou em qualquer área de expressão que use as palavras.Magnéticos e musicais, amam a beleza, a arte e adança.

segunda-feira, julho 17, 2006

O Senhor Ventura, M. Torga

Photobucket - Video and Image Hosting
- À hora menos esperada da razão, damos connosco a sorrir dos rigores dos nossos critérios.
- Evidentemente que nem todas as existências têm a mesma significação. Mas, em última análise, também as menos relevantes são indispensáveis ao conjunto. Enriquecem-no. sem elas, certas horas intermédias e simples, duma expressividade humilde, ficariam por revelar. E a harmonia é o todo, o grande e o pequeno de braço dado.
- O pior defeito dela era não ser capaz de se mostrar fraca quando a própria vida o pedia. Era não poder atenuar as arestas das suas palavras, nem vestir a expressão nua das suas emoções.
- Ah, eu acredito que esta fidelidade inconsciente ao granito, ao luar e à urgeira encerra uma grande lição de vitalidade e de singularidade. Vejo nela uma prova do nosso destino nacional e universal.
- A lógica de cada vida é tão perfeita, que até mete aflição.

sexta-feira, julho 14, 2006

Excissão

Vi-me recentemente utilizada como peão num jogo de forças em que sendo eu o elo mais fraco pouco ou nada podia fazer senão uma participação que me dignificasse, embora não pudesse nunca a vir a ganhar. Primeiro a convicção de participar o melhor possível e depois a raiva pelos obstáculos injustos e sobre os quais fui mantida na ignorância. Depois a percepção de como cada um jogava os seus trunfos e fazia os seus passos. E eu como não vou dar murros em pontas de facas porque quem sai magoado e mutilado sou eu e a minha capacidadade de sacrificio não vai tão longe, corto somente mais um pedaço da minha ingenuidade e o espaço que fica é ocupado pelo crescente cepticismo e cinismo.

sexta-feira, julho 07, 2006

Uma outra história… de mim

Uma das primeiras imagens de que tenho memória é relacionada com a morte. Mas, no entanto, nenhuma delas, alguma vez, me invocou qualquer sentimento de trauma ou dor ou medo. Somente estranheza e intriga.
Segundo relatos, quando a minha avó paterna, que vivia connosco, faleceu, fui eu, com cerca de dois anos, que abria a porta de casa e fui chamar a nossa vizinha. Apesar desse relato, não tenho qualquer memória desse momento. Recordo sim o velório da minha avó, do qual tenho duas imagens.
A primeira corresponde à de dois homens vestidos de negro e empunhando cada um um castiçal a entrarem pela porta adentro. E eu olhava para eles do alto dos meus dois anos e eles pareciam muito grandes e muito estranhos. Dois desconhecidos vestidos de negro.
A segunda imagem é a da minha avó no caixão aberto, creio que forrado a veludo grená, e com as mãos cruzadas sobre o peito. Os ditos castiçais encontravam-se em cada topo do caixão e eu observava tudo isto ao colo do meu pai.
Como já referi, nenhuma destas imagens me traumatizou, nem o facto do velório ter sido naquele onde pouco depois se transformou o meu quarto. Mas para mim toda aquela situação foi estranha. Objectos e pessoas desconhecidos a entrarem assim em nossa casa. E para quê? Sim porque para uma criança dessa idade, o conceito de morte mais não é que uma ausência que não se percebe porquê. Apenas, alguém lá estava antes e agora não está. Foi algo de surreal. Mas também de uma certa naturalidade. Observei aquilo com uma neutralidade que não me afectou.
Talvez por isso quando vejo Sete Palmos de Terra me reveja um pouco naquela família. Porque em nenhum outro filme, série ou livro, tenha reconhecido aquele sentimento de neutralidade relativamente à morte. É algo que vemos, envolve certos rituais institucionalizados que raramente compreendemos, acontece sem uma razão aparente e que apenas podemos observar. Não podemos evitar, apenas aceitar.

terça-feira, junho 27, 2006

Vinte e Zinco, M. Couto

Photobucket - Video and Image Hosting
- Vinte e cinco é para vocês que vivem nos bairros de cimento. Para nós, negros pobres que vivemos na madeira e zinco, o nosso dia ainda está por vir.
- Afinal, onde a noite mais escurece é em volta do pirilampo. S
- Forte, ser forte que o fracos não gozam as História.
- … você não manda, você só dá ordens. Entendeu?
- Só matas os que eles deixam morrer.
- … os vivos têm sombras que se desenham no tempo.
- Cada ser tem duas margens, uma em cada lado do tempo.
- Dois irmãos são como duas abóboras: podem chocar mas nunca quebram.
- Deus criou a bebida, o homem fez o copo.
- Deus fez a árvore para que o homem não sentisse medo do tempo.
- Triste é escolher entre o mau e o pior.
- E dá azar avançar directo num assunto. O besouro, antes de entrar, dá duas voltas à toca.
- Não diga isso, que as palavras chamam as sucedências.
- O que dá estranheza na guerra é que ela não nos sai da memória, de tal modo que dela não recordamos exactamente nada.
- Quem não tem parentesco com a vida não chega nunca a morrer devidamente.
- A guerra é vaidosa: se ostenta mesmo nos lugares onde se diz ser a exclusiva moradia da paz.
- Não era defeito de visão mas falta de outras luzes que nos desvendam para outras vidas.
- A exibição da fragilidade é a defesa do fraco.
- O que importa não é passear de noite mas deixar a noite passear-se em nós.
- Não são os brancos que são gente sozinha. Sua cultura é que é muito solitária.
Que a bala do corpo se retire
Num disparo ao avesso se desvire
E o sangue aberto se arrependa
E retorne ao leito onde escorreu
Que, enfim, a espingarda seja morta
E se escreva na campa deste tempo:
- aqui jaz a bala
- sentenciada por mandato
- da vida contra o homem.

sexta-feira, junho 23, 2006

Dicionário

elanguescer - do Lat. elanguescere; v. int., tornar-se lânguido; enfraquecer pouco a pouco; debilitar-se lentamente.

cilício - do Lat. ciliciu < kilíkion; s. m., ant., pano grosseiro de pele de cabra com que se cobriam os soldados e marinheiros; túnica ou cinto largo de crina ou lã áspera, por vezes provido de puas, que se trazia sobre a pele por mortificação; fig., tormento, martírio, sacrifício voluntário.

sinestesia - do Gr. sýn, juntamente + aísthesis, sensação; s. f., relação subjectiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertence ao domínio de um sentido diferente (por exemplo, um perfume que invoca uma cor ou um som que invoca uma imagem).

lupanar - do Lat. lupanar; s. m., casa de prostituição; bordel; alcoice; prostíbulo.

sambenito - do Cast. sambenito; s. m., hábito ou balandrau, em forma de saco, que se enfiava pela cabeça dos condenados, quando eram levados para os autos-de-fé.

quinta-feira, junho 22, 2006

Lenin Syriana Oil

Lenin Oil, de Pedro Rosa Mendes, é uma enigmática história que envolve exploração petrolífera em África e as lutas de poder inerentes à conquista da extracção do mesmo. Tem um enredo complexo, por vezes desconexo, com nomes omitidos em que as personagens são difusas. Ao ler este livro é impossível não estabelecer um paralelo com Syriana. Porque o tema é o mesmo: o impacto da exploração petrolífera nos países e comunidades na qual se efectua e os interesses e guerras veladas de poder que desperta. Apenas o cenário não é exactamente o mesmo.
Este paralelismo livro/filme recorda-me igualmente Heart of Darkness e Apocalipse Now, livro de Josephe Conrad e filme de F. F. Copolla, respectivamente. Há dois cenários diferentes em que os paradigmas do indivíduo, que se crê moralmente superior, se vê confrontado com o outro e colocado em situações limite que o levam a questionar as suas crenças e dogmas ao mais profundo nível.

quarta-feira, junho 21, 2006

Lenin Oil, P. R. Mendes

- Quem são os nossos melhores amigos de hoje? São os comunistas de ontem . eles não mudaram, nós é que demorámos a entender-nos com eles.
- … os rios do paraíso existem mesmo. Correm, petrificados, tão fundo quanto os nossos sonhos conseguem perfurar. E são negros.
- Os vidros fumados pertencem ao mesmo vício quer os óculos de sol: o luxo da invisibilidade.
- Nem reis nem papas admitiram que nem todos os sítios pertencem a Cristo. E que há sítios, de tão maus, Cristo, na sua humildade, não quis abençoar.
- A realidade é que toda a perfeição do mundo cabe dentro de uma latrina. É altura de reconhecer a merda – com o devido respeito – em que estamos metidos. É muito grande.
- O enredo não muda. Só os acontecidos.
- … o petróleo não mova montanhas mas convoca os profetas.
- Ali estavam, sentados, a esperança, o interesse, a força e o rancor. (A razão raramente assiste. )
- Quando estamos no silêncio de uma cela, os selos que chegam trazem um cheiro de liberdade e de coisas queridas. Cheiram a família. Cheiram a… ilusão.
- A filantropia consiste em não aplicar a força, que é uma questão política, mas tão-só em disponibilizar os meios, que é uma questão de comércio.
- Ser ninguém era melhor do que não ser ninguém.
- … a identidade é uma marginalidade.
- Sendo amorais, não podem ser acusadas de imorais. Não são boas nem más. São.
- Todos morremos de morte, mas a morte não se basta em ser a sua própria causa.

quarta-feira, junho 07, 2006

Syriana

O seu argumento é complexo e nele parece soçobrar várias pontas soltas, mas que apenas reflecte a complexidade da teia de influências e interesses que rodeiam o poder e o desejo de o atingir. Fica a noção de que tudo é “comprável”, tudo é negociável, incluindo as vidas humanas e somente o seu valor de aquisição difere. Há quem valha mais e há quem valha menos que nada.
Há quem decide a estratégia, quem nomeie os peões a perecer e quem dê poder provisório a outrem, mas este jogador é muito pouco visível. A sua face não o demonstra, mas o alcance dos seus tentáculos é longo.
Um filme a não perder.

terça-feira, junho 06, 2006

Your Famous Last Words Will Be:

"Goodbye. I am leaving because I am bored."

Dicionário

Matungo - adj. e s. m., Brasil, designativo do cavalo velho e inútil, sem préstimo.

Chimango - s. m., Brasil, espécie de gavião; nome dado aos membros do Partido Liberal que se opunha à restauração de Pedro I; alcunha dada aos adeptos do Partido Republicano.

Ferrabrás - do Fr. Fier-à-Bras, n. pr.; adj. e s. m., valentão; fanfarrão.

Estorcegão - s. m., torcedela violenta e rápida; grande beliscão.

Silente - do Lat. silente; adj. 2 gén., silencioso.

sexta-feira, junho 02, 2006

2 em 1

Bounce / Sliding doors
Um Acaso Con Sentido / Instantes Decisivos

Estes dois filmes não serão porventura extraordinários, mas agradam-me bastante. Não por serem interpretados pela mesma actriz, Gwyneth Paltrow, mas pela sua temática: somos o que somos pelo que a vida nos proporciona e os “ses” são apenas “ses”. E esta crença faz parte da minha filosofia de vida.
Em Bounce uma das personagens diz a certo momento algo como: “O Bud existe na tua vida porque o x já não existe. Isso não o torna culpado da sua morte”. A nossa vida desenrola-se com o que existe, não com o que não existe. Isto não quer dizer que eu não possa sonhar ou aspirar com o que não existe e batalhar por isso. Mas não adianta martirizarmo-nos com esse “se” e deixarmo-nos consumir por uma possibilidade que poderá não vir a existir e que nos impede de olhar ao nosso redor.
Costumo por vezes dizer que não adianta conjecturar com bases em “ses” como se fossem realidades, quando não passam de possibilidades. Porque se “se”, eu não estaria aqui neste momento. É o que acontece em Sliding Doors que nos dá duas realidades paralelas baseadas em dois ses: se apanhar o metro a tempo ou se não. Claro que no filme prevalece uma das opções, mas esta vai incorporar o outro se, numa espécie de prémio de consolação. Infelizmente, não tenho essa visão digamos tão positivista. É claro que a vida dá segundas oportunidades, mas nem sempre e não a toda a gente.
Esta é a vida que temos e ela mais do que ninguém sabe todas as regras de uma boa ironia. As nossas acções têm sempre consequências, maiores ou menores ou ainda a curto, médio e logo prazo, que nos apanham desprevenidas e mudam inevitavelmente o rumo do nosso futuro. Disso não tenho dúvidas.

Uma vida a 2

Em que momento de numa relação as pequenas coisas que nos atraem no outro se tornam as mais insuportáveis? Em que momento(s) o quotidiano vai minando um amor ou uma paixão. Como o clima que inexoravelmente vai corroendo um edifício, roubando a vivacidade cromática de uma casa, forçando fracturas que cada vez mais se acentuam se não forem reparadas a tempo. Em que momento a atracção passa a indiferença e daí a uma repugnância. Como dois pólos que passam a repelir-se. será possível reverter a atracção? Será possível numa vida a dois ultrapassar sempre os obstáculos que se apresentam? Qual será o segredo ou a fórmula para manter uma certa frescura, uma esperança quando parece já não haver volta a dar.

terça-feira, maio 30, 2006

Dicionário

Abulia - do Gr. aboulia <>boulé, vontade; s. f., doença caracterizada pela ausência ou enfraquecimento da vontade.

Imo - do Lat. imu, o mais baixo, o mais fundo; adj., íntimo; que está no lugar mais fundo; s. m., âmago.

Guanaco s. m., Zool., mamífero camelídeo da América do Sul, espécie de lama.

Cúter - do Ing. cutter; s. m., navio de um só mastro.

Cerúleo - do Lat. caeruleu; adj., da cor do céu ou do mar.

Sabedorias

Viver intensamente compensa todo o esforço e quase todo o sacrifício.
Viver a meias sempre foi a função e o castigo dos medíocres.
Rolo Diez

… pois só os bobos se poderiam importar com alguma coisa
que não fosse a arte de continuarem vivos.
Márcio de Sousa

O poeta não é aquele que canta a chuva.
O poeta é o que faz chover.
Provérbio hindu

sábado, maio 27, 2006

Uma pequena história de mim

A minha família tem origem na freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. É lá que está a casa de família construída pelos meus avós paternos e que aquando da morte destes foi herdada pelo meu pai. A casa da terra foi sempre o nosso destino de fim-de-semana e de férias – sempre curtas, pois não duravam mais de uma semana. A sua arquitectura era simples: três quartos, três salas, uma cozinha com lar e no piso térreo a adega e os restantes espaços de armazenagem e criação de animais.
Não tenho qualquer recordação dos meus avós lá. O meu avô morreu ainda eu não tinha nascido e a minha avó quando eu era ainda pequena. As poucas imagens que dela tenho têm como cenário a casa onde nasci e ainda hoje vivo. Mas essas recordações são uma outra história…
Na nossa casa da terra, costumava dormir numa pequena sala contigua ao quarto dos meus pais. Nessa sala, além de mobílias velhas, que não podem ser consideradas antiguidades, foi pendurado a certa altura um quadro com uma menina bailarina. Era um quadro bonito, uma qualquer imitação, penso eu, de um pintor de renome, mas até agora nunca vi nenhuma imagem igual àquela. Esse quadro foi-se deteriorando ao longo dos anos perdendo a cada Inverno a inglória batalha da humidade. Na verdade, sempre me fez questionar quantas obras de arte se perderam no mundo por simples incúria ou ignorância.
O quadro ficava de frente para o pequeno divã em que dormia. Era já velho e o seu formato concavo acusava já os muitos anos de uso. Eu não me importava. Era ai que me anichava e me preparava para dormir e era ai que de manha ao acordar recebia a luz que o sol contrabandeava por entre as ténues frestas da janela.
Uma das primeiras coisa que via era o tecto de madeira num pálido tom de verde que não deveria ser muito diferente do tom original. Em cada canto do tecto havia uma pequena andorinha cerâmica que pareciam voar para o centro da sala. Era o que o tornava único.
Quando anos mais tarde o meu pai resolveu fazer obras que a casa já há muito necessitava quase toda a sua traça foi alterada. E essa sala também deixou de o ser.
Antes de se iniciar o desmancho, o meu pai e o meu tio olharam longamente para aquele tecto num momento que todos respeitámos e não ousamos sequer interromper, pois nos seus olhos tristes se percebia a solenidade da despedida.
Para mim essas andorinhas são parte da minha infância e nunca tinha pensado nelas como parte da infância do mau pai. É estranho e curioso como parece inconcebível que os nossos pais tenham tido uma infância. Para nós são adultos e pouco mais vemos deles além desse estado. É preciso um certo esforço para vermos mais além e isso não significa que o consigamos. Aliás, continuo a não conseguir ver o meu pai como criança. Mas, hoje, que já deixei a infância há alguns anos, compreendo cada vez mais aquele olhar de despedida do meu pai. O olhar resignado e triste com que nos despedimos dos lugares que nunca mais veremos a não ser nas nossas recordações. Reconheço esse olhar. Cada um de nós despediu-se à sua maneira da casa da nossa infância.

Nome de Toureiro, L. Sepúlveda

Photobucket - Video and Image Hosting
- … nenhuma confissão é limpa quando acompanhada pelo lastro da traição.
- Um homem pode suportar muita dor. O assombroso mecanismo do cérebro oferece recantos, regiões de vazio absoluto, onde é possível a gente esconder-se, e fica sempre a opção final de nos deixamos abraçar pela loucura. Para alcançar esta duas possibilidades é preciso acreditar em “qualquer coisa”, e ver, apalpar, que o silêncio persistente faz com que essa “qualquer coisa” seja inalcançável pelos torturadores.
- Perder é uma questão de método.
- Exila-se o que apenas conheceu um dos lados da medalha e que leva os seus erros mais além de onde os aprendeu, mas o que atravessou todo o túnel descobrindo que os dois extremos são escuros deixa-se ficar preso.
- É recomendável escolher os voluntários entre os menos aptos para a acção heróica ou entre os mais tocados pelos efeitos da guerra na sociedade civil.
- Há sempre um dia em que cada um de nós tem de enfrentar situações sem saída.
- … as retiradas difíceis resultam quando disfarçadas de ataques em massa.
- Eu sou um tipo disciplinado. Não penso, não dou opiniões, não acho nem digo nada. Cumpro ordens.
- Enquanto fumava pensou que tudo estava a acontecer de uma maneira mais difícil do que acreditara. Começavam a intervir os imponderáveis, os inevitáveis acontecimentos imprevistos. - E como o único modo de os enfrentar é conhece-los, decidiu fazer um inventário da situação.
- … porque é que temos tanto medo de olhar de frente para a vida, nós que já vimos as aúreas cintilações da morte.

sexta-feira, maio 26, 2006

Piada do Dia

Isto não é para todos...
... somos o único país que consegue perder com um outro país que já nem sequer existe.

in Revolta dos Pastéis de Nata

Critérios de Selecção

Situação 1
- Queres ir com a tia ou com a avó?
- Com a tia. Porque a tia tem lá três bolas: uma pequenina de plástico, uma dura de basquete e uma grande de encher.

Situação 2
Escolhe-se um livro porque...
… se lê na bandana: 1968, Cernache do Bonjardim, Sertã.

quinta-feira, maio 11, 2006

Grease

Não é, com certeza, o melhor musical de sempre, mas é, com certeza, divertido e puro entertenimento.

You better shape up,
'cause I need a man
and my heart is set on you.
You better shape up;
you better understand
to my heart I must be true.
You're the one that I want.
The one I need.
Oh, yes indeed.

terça-feira, maio 09, 2006

é a vidinha...

Você é Como O Macaco Gosta De Banana: Você tem um espírito altamente brincalhão e galhofeiro – que para algumas pessoas em seu redor chega a ser abusivo. Gosta de abanar o sistema e não tem qualquer pudor em criar alguma polémica em seu redor. Preocupa-o mais a banalidade do que a incompreensão.

sábado, maio 06, 2006

De sorte

(Escrito uns dias antes do teste)
Não podemos menosprezar o factor sorte na nossa vida e o quão ele possibilita a realização de algo. É o velhinho adágio: estar no sítio certo, no momento certo. Analisando momentos passados sei que fui por vezes bafejada com esse dom e que a minha resposta foi somente esta: aproveitar a sorte que me foi concedida. Poderá essa sorte ter sido injusta para com outros? Sim, poderá. Não serei cínica ao contraria-lo. Alguns terão sido recompensados, outros não, mas quem me diz que o seriam se a recusasse.
Essa sorte valeu-me bons momentos e acho que os aproveitei bem, sem ela não estaria onde estou hoje. Não me arrependo de ter aproveitado a sorte que tive.

O Teste

Your Luck Quotient: 78%

You have a high luck quotient.
More often than not, you've felt very lucky in your life.
You may be randomly lucky, but it's probably more than that.
Optimistic and open minded, you take advantage of all the luck that comes your way.

quinta-feira, maio 04, 2006

Frida Kahlo

Nunca pintei os meus sonhos, só a minha realidade.
Photobucket - Video and Image Hosting

Para grandes males, grandes remédios...

... assim diz o ditado. Mas não é necessariamente assim. Os remédios não são obrigatoriamente grandes, apenas parecem, porque os males que curam têm uma grande amplitude na nossa vida. Mas maioritariamente os remédios são até pequenos. O seu efeito é que de tão reconfortante se apresenta como grande.
E é até curioso como os pequenos, os pequeníssimos remédios conseguem um tão grande alívio. Basta a iniciativa de os tomar.

quarta-feira, maio 03, 2006

Uma história de Amor como Outra Qualquer, L. Etxebarría

- Por vezes penso que … aquela forma de pensar insistentemente no prazer, me proporcionava, na verdade, uma satisfação muito mais subtil do que a sua própria realização.
- … sempre defender, contra tudo e contra todos, quão importante é para uma mulher conservar a sua independência e aprender a gozar a sua solidão.
- … a mente está disposta a ignorar a realidade imediata, o que vê, e a adoptar o que julga que dever ver, ou o que deseja ver.
- … não +é esta a própria essência da paixão, este ver-se a si mesmo através dos olhos de um outro?
- Ao amor, borboletas no estômago, seguira-se o orgulho, caranguejos no estômago, as pinças raivosas exigindo uma reparação.
- … no amor, e no jazz, o prazer depende da surpresa, do inesperado, do improviso.
- Paixões consumadas, paixões consumidas, pois nenhum grande amor se ajusta ao ideal de perfeição que todo o Grande Amor postula e de que necessita. Por isso era mais fácil amar no território do desejo do que no da realidade.
- … esta obsessão moderna pelo Grande Amor … serve de desculpa perfeita para repudiar o amor quando este se apresenta.
Photobucket - Video and Image Hosting
Sou uma rapariga sociável, tenho muitas amigas e, além disso, devo ter cara de “conte-me o seu caso”, porque acontece que toda a gente vem ter comigo e me relata as suas penas, talvez porque sabem bem que nunca revelo segredos, habituada como estou, desde pequena, a guardar aquele com que vivo, e garanto que, se continuasse a contar histórias, não pararia até à madrugada. Todas parecidas no essencial: rapariga encontra rapaz, rapariga vê em rapaz o príncipe azul, rapariga descobre que o príncipe azul tem pouco de cor-de-rosa ou de azul e bastante de castanho-escuro. Enfim, sendo assim e assim sendo, não me incomodava especialmente essa coisa de ser solteira e sem compromissos, …, embora talvez fosse verdade que uma parte de mim sentia falta de um corpo quente na cama, ao deitar, e umas quantas palavras bonitas, ao acordar.

terça-feira, maio 02, 2006

FDS Retemperador

Este fds foi de passeio, mas mais do que o turistar, foi um relavar de alma. Nem eu me tinha apercebido antes o quanto eu estava a necessitar de um tempo assim: para descansar, para descobrir coisas novas para libertar toxinas. Sinto-me com as baterias recarregadas para um novo round.
Claro que o início do fds foi do mais enguiçado que houve, pois os planos iniciais foram todos mudados de uma hora para a outra. Mas depois da devida adaptação e numa perspectiva de não fazer mais planos, a road-trip engrenou e tudo correu bem. o caminho levou-nos até Estremoz, Borba, Elvas, Badajoz, Jerez de los Caballeros, Fregenal e Sevilha. E isto quando o plano inicial incluía somente Sevilha. Com todas estas andanças visitar Sevilha acabou por ficar somente como um pequeno aperitivo para uma futura visita com mais tempo. É uma cidade deveras bonita e demasiado grande para ver num só dia. O regresso está previsto.
Adorei a viagem, ou o espírito road trip não me estivesse no sangue, com as paragens, as paisagens alentejanas e espanholas muito semelhantes e repletas de flores em coloridos mantos. Rendi-me à arquitectura e estética árabe com a a sua complexidade e beleza geométrica. Foi realmente o fds que necessitava para me levantar o ânimo que andava tão por baixo. Agora quero mais.

sexta-feira, abril 28, 2006

De obsessão

As nossas obsessões apoderam-se de nós sem que o apercebamos. E um belo dia, quando menos esperamos, somos confrontados com elas. Primeiro, incrédulos, duvidamos, negamos, mas depois observamos cuidadosamente os nossos actos e lá encontramos a constatação. Como um feitiço que se volta contra o feiticeiro. O que primeiro era somente um método para ultrapassar inseguranças enraíza-se e incorpora-se, tornando-se uma dupla insegurança. Porque não colmatou a sua origem, apenas a camuflou. Agora não só há que trabalhar para combate-la como também combater a obsessão que se impregnou em nós e cuja constatação nos dá uma maior sensação de fragilidade. Como um antídoto que tomado em excesso se torna o próprio veneno, por vezes mais poderoso ainda que o primeiro.
Senti-me tomada por cada vez mais inseguranças. Percebo agora a perenidade da minha estratégia, mas não sei combate-la com mais nenhuma arma e a arma utilizada em vez de me proteger destrói, porque me afasta cada vez mais daquilo que ansiava e desejava. Sinto-me fragilizada porque percebo a necessidade de uma nova “aproximação”, mas não consigo perceber qual poderá ser e não consigo deixar de pesar como desperdiçado ou mal empregue parte do tempo passado a desenvolver a primeira.
Como combater a insegurança primeira e evitar os ataques nocivos da minha obsessão?

Dicionário

Ignomínia
do Lat. Ignominia; s. f., grande desonra; afronta pública; opróbrio; desdouro.

Linimento
do Lat. Linimentu; s. m., medicamento untuoso, destinado a fricções.

Cloaca
do Lat. Cloaca; s. f., fossa, cano que recebe imundícies; sentina; fig., aquilo que é imundo ou cheira mal; Ornit., Zool., câmara onde se abrem o canal intestinal, o aparelho urinário e os oviductos das aves e dos répteis.

Tonsura
do Lat. tonsura, tosquia; s. f., acto ou efeito de tonsurar; coroa de clérigo. prima - tonsura: cerimónia religiosa em que o prelado dá um corte no cabelo do ordenando, ao conferir-lhe as ordens menores, ou seja, o primeiro grau de clericato.

Bedel
do Prov. bedel, oficial de justiça, arauto; s. m., empregado da universidade que faz a chamada dos estudantes e que aponta a falta destes e dos lentes.

quinta-feira, abril 20, 2006

A Aliança

Image hosting by Photobucket
Hoje tive pela primeira vez coragem para retirar a minha, a tua, a nossa aliança. A nossa que tão ingenuamente utilizamos e mostramos ao mundo com orgulho exacerbado. Foi o momento do sublime em que, como dizia a música, we touched the skylight. Pura magia. Pura química. Pura confiança. Pura fé.
A tua perdeste algures tempos depois. No ginásio, pensavas e pensei eu, não percebendo sequer a necessidade que tiveste de a tirar. Mas eu sou mulher, não raciocino do mesmo modo que um homem. Não houve qualquer necessidade de dúvida, não deixaste de me amar e querer, apenas não quiseste comprar uma nova aliança. Disseste que era apenas um objecto, eu sei que é, e que não querias substitui-lo, porque o que sentias era insubstituível. Eu sei que é. Será sempre.
Hoje tive pela primeira vez coragem para retirar a minha. O nosso amor é insubstituível. Eu sei. Amar-te-ei sempre. És parte de mim.
Hoje tirei a aliança que era só minha.

terça-feira, abril 18, 2006

A Química do Amor

Image hosting by Photobucket
(Adaptado - National Geographic Fevereiro)
Afinal o amor não se explica só por com sendo um sentimento de difícil definição. O amor caracteriza-se por um conjunto de reacções químicas, aparentemente mais fáceis de explicar. Para começar há que ver a sua localização: o amor activa as áreas cerebrais associadas à recompensa e ao prazer, ou seja, a área tegmental ventral e o núcleo caudado.
O estado de paixão está ligado ao aumento de produção de Dopamina, um neurotransmissor, que se pode denominar de poção endógena do amor. O mais curioso é que a paixão tem um comportamento bioquímico em muito semelhante às DOC, doenças obsessivas compulsivas e que resultam de um desequilíbrio nos níveis de serotonina, um outro neurotransmissor.
Este é o comportamento químico do nosso corpo, mas o que nos faz atrair por alguém? São várias a teorias.
Uma é que o amor romântico tem as suas bases em momentos íntimos vividos na primeira infância, ou seja, amamos quem amamos não tanto pelo futuro que esperamos construir, mas pelo passado que pretendemos recuperar.
Outra afirma que se procura no outro o genótipo mais diferente do seu, ou seja, busca-se uma complementaridade biológica. Se o objectivo é a reprodução, a complementaridade biológica permite a formação de seres mais fortes, pois na definição genética do individuo vingam os genes mais fortes.
Fica a constatação: Escolhemos os parceiros, mas raramente se tem consciência das reacções biológicas inatas subjacentes a essa escolha.
Aponta-se para o término de relações ao fim de quatro anos, pois este é o tempo necessário a criar um filho na primeira fase de infância. A paixão afinal é bastante prática. O ser humano na sua primeira infância é completamente dependente dos seus progenitores, então a paixão tem como objectivo mantê-los unidos durante este período, após o qual a criança tem maior nível de independência.
Mas há outros motivos para a paixão se esvair. A paixão tem sempre um prazo de validade porque uma exposição demasiado longa aos seus efeitos pode provocar danos irremediáveis no cérebro. O excesso de dopamina no cérebro tem o mesmo efeito de uma droga.
Mas há maneiras de ajudar a produção de dopamina de modo a manter o “fogo” acesso. A novidade induz a libertação de dopamina, por isso fazer coisas novas juntos ajuda a manter este espírito.
Em quase contraponto à dopamina existe a Oxitocina, hormona que provoca a sensação de ligação, de apego. E que está frequentemente registada em maior nível em indivíduos com relações de longa duração bem sucedidas. mas também a produção desta pode ser ajudada: massajar e fazer amor desencadeiam a produção de oxitocina.
E já agora, sabia que: ma pessoa que corra sem sair do sítio antes de se encontrar com alguém, terá mais probabilidade de achar essa pessoa interessante. Assim, primeiros encontros que envolvam actividades de stress têm mais chance de conduzir a um novo encontro.

Dicionário

Subitâneo - do Lat. Subitaneu; adj., repentino, súbito.

Emético - do Gr. Emetikós; adj. e s. m., que faz vomitar; vomitório.

Arrostar - v. tr. e int., encarar sem medo; fazer rosto a; enfrentar; afrontar; resistir; v. refl., encontrar-se rosto a rosto.

Núbil - do Lat. Nubile; adj. 2 gén., casadoiro.

Samovar - do Rus. samovar < samo, si mesmo + varit, ferver; s. m., espécie de chaleira metálica empregada, na Rússia, para preparar o chá.

sábado, abril 08, 2006

Provérbio chinês

Espere o melhor,
Prepare-se para o pior,
E receba o que vier.

O Museu Britânico ainda vem Abaixo, D. Lodge

Image hosting by Photobucket
- A literatura é quase toda sobre sexo e nada sobre ter filhos. A vida é precisamente o contrário.
- A distracção era tão necessária para a saúde mental como o exercício para a física.
- Eu próprio não tenho qualquer afeição por crianças, mas reconheço a necessidade de as termos para dar continuidade ao espectáculo humano.
- O que importa é o amor. Quanto mais amor, tanto menos pecado.
- … há ocasiões em que, por cobardia, se deixa as pessoas pensar o pior. É a homenagem que a virtude presta ao vício.
- Falar em pureza … gera a impureza.
- … antes do romance ter emergido como a forma literária dominante, a literatura narrativa lidava só com o extraordinário ou com o alegórico – com reis e rainhas, gigantes e dragões, virtude sublime e mal diabólico. Não havia o risco de confundir esse tipo de coisas com a vida, é claro.
- O sexo não é romântico.
- … a vida é a vida e os livros são os livros e se ele fosse mulher não ia precisar que lhe dissessem isso.

sexta-feira, abril 07, 2006

Efeitos Secundários, W. Allen

Image hosting by Photobucket
- A liberdade humana consistia em estar consciente do absurdo da vida.
- Os bons dormiam melhor enquanto os maus pareciam gozar muito melhor as horas em que estavam acordados.
- Digo isto … com a aterrada convicção de que a vida não tem qualquer sentido, o que poderia ser erradamente interpretado como pessimismo. Não é. É apenas um facto salutar para a análise do homem moderno.
- Esta situação aflige uma grande parte dos meus contemporâneos: nunca encontrar todas as qualidades que se procuram, reunidas numa única pessoa do sexo oposto!
- … o homem é livre de escolher a sua própria sorte, e só quando compreender que a morte faz parte da vida perceberá realmente a existência.

Dicionário

Sarigueia - do Tupi soó-r-iguê, animal de saco; s. f., Zool., mamífero marsupial, cuja fêmea conduz os filhos numa espécie de bolsa que tem sob o ventre.

Pliocénico - do Gr. pleîon, mais + kainós, recente; s. m., período geológico, uma das cinco épocas do era terciária; adj., designativo dos terrenos que formam o sistema superior da era terciária e onde se encontram os fósseis mais recentes; relativo ou pertencente ao Plioceno (como adjectivo, grafa-se com inicial minúscula).

Metrónomo - do Gr. métron, medida, andamento + nómos, lei; s. m., instrumento que serve para regular os diversos andamentos da música, constituído por um pêndulo que oscila por meio de um motor de rotação horária.

Redibição - do Lat. Redhibitione; s. f., acto ou efeito de redibir; anulação de uma venda por se encobrirem os defeitos no acto da transacção.

Alabardeiro - s. m., o que usa alabarda; archeiro.

sexta-feira, março 31, 2006

Sabedorias


Vivemos por um triz, morre-se como chama que tropeça no súbito escuro.
Mia Couto

Toda a infância é um paraíso perdido para sempre.
Proust

Quando um mundo acaba, para o reparar,
só resta a ficção de um outro mundo.
Fernando Guerreiro

E a morte é a mais eficaz das mudanças, não é?
Rui Zink

o silêncio possível

Às vezes ando tão de um lado para o outro que não paro muito. Entre trabalho, afazeres domésticos, família e amigos, tudo tem sempre um pano de fundo sonoro. São raras as vezes em que me sento e interiorizo o silêncio possível. Ou o som mínimo.
Seja no campo ou na cidade, o silêncio é uma utopia não cumprida. Porque ao silêncio interior chega sempre o som exterior: carros em movimento, caixotes do lixo que se fecham, vizinhos que falam, crianças que brincam, campainhas que tocam, passos nas escadas acompanhados pelo plástico dos sacos de supermercado, elevadores, interruptores, aviões ocasionais, pássaros na árvores.
Hoje ouvi tudo isso no silêncio da minha casa.

quarta-feira, março 29, 2006

A Razão do Silêncio

Cheguei a um daqueles momentos de dúvida quanto à continuidade deste blog. Será que se justifica mantê-lo. Pelo menos nestes moldes. Ou será que apenas neste momento este não é o melhor suporte para a necessidade de me exprimir.
O período de reflexão mantém-se.
Os resultados serão publicados brevemente.

sexta-feira, março 17, 2006

Sabedorias

Sem cultura do pensamento não há sínteses próprias.
J. L. Pires
E quem conta as histórias de todos aqueles desconhecidos
que as rodas da engrenagem sonegaram à existência?
José Guardado Moreira
Todo o poema é circunstância de um tempo e de um lugar.
Jorge Reis-Sá
Nós somos o nosso corpo, não temos o nosso corpo.
Améry
Quem nunca soube viver no momento certo,
como há-de ele morrer no momento certo?
Nietsche

quarta-feira, março 15, 2006

Vinicius de Morais

Image hosting by Photobucket
Quando mergulhaste na água
Não sentiste como é fria
Como é fria assim na noite
Como é fria, como é fria?

sentiste angústia, poeta
ou um espanto de alegria
ao sentires que bulia
um peixe nadando perto?
A tua carne não fremia
À ideia da dança inerte
Que teu corpo dançaria
No pélago submerso?

Época de Testes





sábado, março 11, 2006

De silêncio

Basta um silêncio, basta um som, mesmo que palavra não seja, para que em milésimos de tempo não palpáveis de tempo para que tudo se perca ou nada se alcance.
O que calas por medo, ignorância ou motivos outros, diz mais que o som proferido. Fere com a mesma intensidade que uma lâmina, pois a dor permanece e a lâmina sai.
O silêncio é a maior e mais complexa verdade de discernir. O silêncio inclui tudo o que a palavra apenas nomeia e limita no tempo e no espaço. O silêncio é um mundo aberto ao céu e tudo o que entre estes se contem.
O homem não percebe o silêncio. O seu poder libertador confunde-se com uma opressão inaudível. As suas possibilidades esbarram no limite da compreensão. O silêncio não tiraniza, mas o homem teme o seu império: a clarividência.

40 dias...40 Noites...

Jovem com imensa vontade de conhecer flores procura jovem interessado em botânica.

quarta-feira, março 08, 2006

Precisão, C. Lispector

Image hosting by Photobucket
O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando,
confusos, a perfeição.

terça-feira, março 07, 2006