sexta-feira, abril 28, 2006

De obsessão

As nossas obsessões apoderam-se de nós sem que o apercebamos. E um belo dia, quando menos esperamos, somos confrontados com elas. Primeiro, incrédulos, duvidamos, negamos, mas depois observamos cuidadosamente os nossos actos e lá encontramos a constatação. Como um feitiço que se volta contra o feiticeiro. O que primeiro era somente um método para ultrapassar inseguranças enraíza-se e incorpora-se, tornando-se uma dupla insegurança. Porque não colmatou a sua origem, apenas a camuflou. Agora não só há que trabalhar para combate-la como também combater a obsessão que se impregnou em nós e cuja constatação nos dá uma maior sensação de fragilidade. Como um antídoto que tomado em excesso se torna o próprio veneno, por vezes mais poderoso ainda que o primeiro.
Senti-me tomada por cada vez mais inseguranças. Percebo agora a perenidade da minha estratégia, mas não sei combate-la com mais nenhuma arma e a arma utilizada em vez de me proteger destrói, porque me afasta cada vez mais daquilo que ansiava e desejava. Sinto-me fragilizada porque percebo a necessidade de uma nova “aproximação”, mas não consigo perceber qual poderá ser e não consigo deixar de pesar como desperdiçado ou mal empregue parte do tempo passado a desenvolver a primeira.
Como combater a insegurança primeira e evitar os ataques nocivos da minha obsessão?

Dicionário

Ignomínia
do Lat. Ignominia; s. f., grande desonra; afronta pública; opróbrio; desdouro.

Linimento
do Lat. Linimentu; s. m., medicamento untuoso, destinado a fricções.

Cloaca
do Lat. Cloaca; s. f., fossa, cano que recebe imundícies; sentina; fig., aquilo que é imundo ou cheira mal; Ornit., Zool., câmara onde se abrem o canal intestinal, o aparelho urinário e os oviductos das aves e dos répteis.

Tonsura
do Lat. tonsura, tosquia; s. f., acto ou efeito de tonsurar; coroa de clérigo. prima - tonsura: cerimónia religiosa em que o prelado dá um corte no cabelo do ordenando, ao conferir-lhe as ordens menores, ou seja, o primeiro grau de clericato.

Bedel
do Prov. bedel, oficial de justiça, arauto; s. m., empregado da universidade que faz a chamada dos estudantes e que aponta a falta destes e dos lentes.

quinta-feira, abril 20, 2006

A Aliança

Image hosting by Photobucket
Hoje tive pela primeira vez coragem para retirar a minha, a tua, a nossa aliança. A nossa que tão ingenuamente utilizamos e mostramos ao mundo com orgulho exacerbado. Foi o momento do sublime em que, como dizia a música, we touched the skylight. Pura magia. Pura química. Pura confiança. Pura fé.
A tua perdeste algures tempos depois. No ginásio, pensavas e pensei eu, não percebendo sequer a necessidade que tiveste de a tirar. Mas eu sou mulher, não raciocino do mesmo modo que um homem. Não houve qualquer necessidade de dúvida, não deixaste de me amar e querer, apenas não quiseste comprar uma nova aliança. Disseste que era apenas um objecto, eu sei que é, e que não querias substitui-lo, porque o que sentias era insubstituível. Eu sei que é. Será sempre.
Hoje tive pela primeira vez coragem para retirar a minha. O nosso amor é insubstituível. Eu sei. Amar-te-ei sempre. És parte de mim.
Hoje tirei a aliança que era só minha.

terça-feira, abril 18, 2006

A Química do Amor

Image hosting by Photobucket
(Adaptado - National Geographic Fevereiro)
Afinal o amor não se explica só por com sendo um sentimento de difícil definição. O amor caracteriza-se por um conjunto de reacções químicas, aparentemente mais fáceis de explicar. Para começar há que ver a sua localização: o amor activa as áreas cerebrais associadas à recompensa e ao prazer, ou seja, a área tegmental ventral e o núcleo caudado.
O estado de paixão está ligado ao aumento de produção de Dopamina, um neurotransmissor, que se pode denominar de poção endógena do amor. O mais curioso é que a paixão tem um comportamento bioquímico em muito semelhante às DOC, doenças obsessivas compulsivas e que resultam de um desequilíbrio nos níveis de serotonina, um outro neurotransmissor.
Este é o comportamento químico do nosso corpo, mas o que nos faz atrair por alguém? São várias a teorias.
Uma é que o amor romântico tem as suas bases em momentos íntimos vividos na primeira infância, ou seja, amamos quem amamos não tanto pelo futuro que esperamos construir, mas pelo passado que pretendemos recuperar.
Outra afirma que se procura no outro o genótipo mais diferente do seu, ou seja, busca-se uma complementaridade biológica. Se o objectivo é a reprodução, a complementaridade biológica permite a formação de seres mais fortes, pois na definição genética do individuo vingam os genes mais fortes.
Fica a constatação: Escolhemos os parceiros, mas raramente se tem consciência das reacções biológicas inatas subjacentes a essa escolha.
Aponta-se para o término de relações ao fim de quatro anos, pois este é o tempo necessário a criar um filho na primeira fase de infância. A paixão afinal é bastante prática. O ser humano na sua primeira infância é completamente dependente dos seus progenitores, então a paixão tem como objectivo mantê-los unidos durante este período, após o qual a criança tem maior nível de independência.
Mas há outros motivos para a paixão se esvair. A paixão tem sempre um prazo de validade porque uma exposição demasiado longa aos seus efeitos pode provocar danos irremediáveis no cérebro. O excesso de dopamina no cérebro tem o mesmo efeito de uma droga.
Mas há maneiras de ajudar a produção de dopamina de modo a manter o “fogo” acesso. A novidade induz a libertação de dopamina, por isso fazer coisas novas juntos ajuda a manter este espírito.
Em quase contraponto à dopamina existe a Oxitocina, hormona que provoca a sensação de ligação, de apego. E que está frequentemente registada em maior nível em indivíduos com relações de longa duração bem sucedidas. mas também a produção desta pode ser ajudada: massajar e fazer amor desencadeiam a produção de oxitocina.
E já agora, sabia que: ma pessoa que corra sem sair do sítio antes de se encontrar com alguém, terá mais probabilidade de achar essa pessoa interessante. Assim, primeiros encontros que envolvam actividades de stress têm mais chance de conduzir a um novo encontro.

Dicionário

Subitâneo - do Lat. Subitaneu; adj., repentino, súbito.

Emético - do Gr. Emetikós; adj. e s. m., que faz vomitar; vomitório.

Arrostar - v. tr. e int., encarar sem medo; fazer rosto a; enfrentar; afrontar; resistir; v. refl., encontrar-se rosto a rosto.

Núbil - do Lat. Nubile; adj. 2 gén., casadoiro.

Samovar - do Rus. samovar < samo, si mesmo + varit, ferver; s. m., espécie de chaleira metálica empregada, na Rússia, para preparar o chá.

sábado, abril 08, 2006

Provérbio chinês

Espere o melhor,
Prepare-se para o pior,
E receba o que vier.

O Museu Britânico ainda vem Abaixo, D. Lodge

Image hosting by Photobucket
- A literatura é quase toda sobre sexo e nada sobre ter filhos. A vida é precisamente o contrário.
- A distracção era tão necessária para a saúde mental como o exercício para a física.
- Eu próprio não tenho qualquer afeição por crianças, mas reconheço a necessidade de as termos para dar continuidade ao espectáculo humano.
- O que importa é o amor. Quanto mais amor, tanto menos pecado.
- … há ocasiões em que, por cobardia, se deixa as pessoas pensar o pior. É a homenagem que a virtude presta ao vício.
- Falar em pureza … gera a impureza.
- … antes do romance ter emergido como a forma literária dominante, a literatura narrativa lidava só com o extraordinário ou com o alegórico – com reis e rainhas, gigantes e dragões, virtude sublime e mal diabólico. Não havia o risco de confundir esse tipo de coisas com a vida, é claro.
- O sexo não é romântico.
- … a vida é a vida e os livros são os livros e se ele fosse mulher não ia precisar que lhe dissessem isso.

sexta-feira, abril 07, 2006

Efeitos Secundários, W. Allen

Image hosting by Photobucket
- A liberdade humana consistia em estar consciente do absurdo da vida.
- Os bons dormiam melhor enquanto os maus pareciam gozar muito melhor as horas em que estavam acordados.
- Digo isto … com a aterrada convicção de que a vida não tem qualquer sentido, o que poderia ser erradamente interpretado como pessimismo. Não é. É apenas um facto salutar para a análise do homem moderno.
- Esta situação aflige uma grande parte dos meus contemporâneos: nunca encontrar todas as qualidades que se procuram, reunidas numa única pessoa do sexo oposto!
- … o homem é livre de escolher a sua própria sorte, e só quando compreender que a morte faz parte da vida perceberá realmente a existência.

Dicionário

Sarigueia - do Tupi soó-r-iguê, animal de saco; s. f., Zool., mamífero marsupial, cuja fêmea conduz os filhos numa espécie de bolsa que tem sob o ventre.

Pliocénico - do Gr. pleîon, mais + kainós, recente; s. m., período geológico, uma das cinco épocas do era terciária; adj., designativo dos terrenos que formam o sistema superior da era terciária e onde se encontram os fósseis mais recentes; relativo ou pertencente ao Plioceno (como adjectivo, grafa-se com inicial minúscula).

Metrónomo - do Gr. métron, medida, andamento + nómos, lei; s. m., instrumento que serve para regular os diversos andamentos da música, constituído por um pêndulo que oscila por meio de um motor de rotação horária.

Redibição - do Lat. Redhibitione; s. f., acto ou efeito de redibir; anulação de uma venda por se encobrirem os defeitos no acto da transacção.

Alabardeiro - s. m., o que usa alabarda; archeiro.