sexta-feira, julho 30, 2004

Esclarecimento, Mário-Henrique Leiria

Quando estamos cansados
Deitamos o corpo
E adormecemos

Às vezes não

Procuramos outra mão
Outros olhos
Que nos limpem a fadiga
E evitem o sono
Que nos vem antigo

Quando estamos cansados
Podemos erguer o corpo
E acordar
E morrer acordados
Sem cansaço

Never Terar Us Apart, INXS

Don't ask me
What you know is true
Don't have to tell you
I love your precious heart

I..........I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never tear us apart

We could live for a thousand years
But if I hurt you
I'd make wine from your tears
I told you
That we could fly
Cause we all have wings
But some of us don't know why

I..........I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never tear us apart

I don't ask me
I was standing
You know it's true
You were there
Worlds collided
Two worlds collided
We're shining through
And they could never tear us apart

You don't ask me
You were standing
You know it's true
I was there
Worlds collided
Two worlds collided
We're shining through
And they could never tear us apart

quarta-feira, julho 28, 2004

Por outro Lado

Saber entrevistar alguém é, acima de tudo, saber conversar. E saber conversar é saber ouvir o respectivo interlocutor, respeitar os seus silêncios, as suas opiniões, sem atropelamentos, deixar fluir sem impor respostas.
 É raros vermos entrevistas assim, como deviam ser. Por isso, é de aproveitar essas raras oportunidades. E elas acontecem semanalmente na :2 por volta das 24:00/24:30 pela mão de Ana Sousa Dias.
Por outro lado…

Viciada?

6.25 %

My weblog owns 6.25 % of me.
Does your weblog own you?

The Music of the Night, A.L.W.

Nighttime sharpens, heightens each sensation
Darkness stirs and wakes imagination
Silently the senses abandon their defences

Slowly, gently, night unfurls its splendour
Grasp it, sense it, tremulous and tender
Turn your face away from the garish light of day
Turn your face away from cold, unfeeling light
And listen to the music of the night

Close you eyes and surrender to your darkest dreams
Leave all thoughts of the world you knew before
Close your eyes, let your spirit start to soar
And you'll live as you've never lived before

Softly, deftly, music shall caress you
Hear it, feel it, secretly possess you
Open up your mind, let your fantasies unwind
In this darkness which you know you cannot fight
The darkness of the music of the night

Let your mind start a journey through a strange, new world
Leave all thoughts of the world you knew before
Let your soul take you where you long to go
Only then can you belong to me

Floating, falling, sweet intoxication
Touch me, trust me, savour each sensation
Let the dream begin, let your darker side give in
To the harmony which dreams alone can write
The power of the music of the night

You alone can make my song take fligh
tHelp me make the music of the night

quinta-feira, julho 22, 2004

Sim/Não

Quantas vezes dissemos sim e na verdade queríamos dizer não?
Quantas vezes dissemos não e na verdade queríamos dizer sim?
Quantas vezes pesamos mais a opinião dos outros do que as nossas preferências ao responder sim ou não?
Quantas respostas foram regidas mais por queremos ser como os outros do que por ser fiéis a nós, aos nossos desejos e, inclusive, aos nossos receios?
Quantas vezes oprimidos pelas circunstâncias nos sentimos obrigados a uma resposta indesejada?
Quantas respostas indevidas ao longo de uma vida demasiado curta para estas perdas de tempo e oportunidade?

terça-feira, julho 20, 2004

Chanson, Jacques Prévert

Quel jour sommes-nous
Nous sommes  tous les jours
Mon amie
Nous sommes toute la vie
Mon amour
Nous nous aimons et nous vivons
Nous vivons e nous nous aimons
Et nous ne savons pas ce que c’est que la vie
Et nous ne savons pas ce que c’est que le jour
Et nous ne savons pas ce que c’est que l’amour.

O vendedor de passados, Agualusa

“já nos liga, suspeito, um fio de amizade.”
“Creio que o fazem para provar o risco. Amanhã o risco há-de, talvez, saber-lhes a nêsperas maduras.
“… são os muros que fazem os ladrões.”
“Os homens ignoram quase tudo sobre os pequenos seres com os quais partilham o lar.”
“… todos os meus dias são inúteis, cavalheiro, eu os passeio.”
“Acho que nessa época era uma premonição. Agora é talvez uma confirmação.”
“Julga que a vida nos pede compaixão? Não creio. O que a vida nos pede é que a celebremos.”
“Às vezes sinto o mesmo. Dói-me na alma um excesso de passado e vazio.”
“tenho vai para quinze anos a alma presa a este corpo e ainda não me conformei. Vivi quase um século vestindo a pele de um homem e também nunca me senti inteiramente humano.”
“Um nome pode ser uma condenação. Alguns arrastam o nomeado … por mais que este resista, impõem-lhe um destino. Outros, pelo contrário, são como máscaras: escondem, iludem. A maioria, evidentemente, não tem poder algum.”
“O pior pecado é não amar.”
“Os meus sonhos são, quase sempre, mais verosímeis do que a realidade.”
“a última luz da tarde morria docemente na parede de trás.”
“A única coisa que em mim não muda é o meu passado: a memória do meu passado humano. O passado costume ser estável, está sempre lá, belo ou terrível, e lá ficará para sempre.”
“Ao chegarmos a velhos apenas nos resta a certeza de que em breve seremos ainda mais velhos.”
“A coragem não é contagiosa; o medo, sim.”
“A literatura é a maneira que um mentiroso tem para se fazer aceitar socialmente.”
“A verdade é uma superstição.”
“Deus deu-nos os sonhos para que possamos espreitar o outro lado.”
“Desconheço imensa gente. Nunca fui muito popular.”
“As pessoas morriam de tristeza. Até os cães se enforcavam.”
“… a natureza tem horror ao vazio.”
“Ninguém é um nome!”
“A minha infância está cheia de bons sabores. Cheira bem a minha infância.”
“Só somos verdadeiramente felizes quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre. Eu fui feliz para sempre na minha infância.”
“Na grande literatura são raros os amores felizes.”
“A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho.”
“A felicidade é quase sempre uma irresponsabilidade. Somos felizes durante os breves instantes em que fechamos os olhos.”
“… e em particular aqueles que por essa triste pátria nos desgovernam, governando-se.”
“Não havia na sua vida nada de interessante, excepto as vidas interessantes de duas ou três pessoas que encontrara no caminho.”
“Há verdade, ainda que não haja verosimilhança, em tudo o que um homem sonha.”
“A nossa memória alimenta-se, em larga medida, daquilo que os outros recordam de nós.”
“A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento.”
“Fui quem fui porque me faltou coragem para ser diferente.”
“A felicidade nunca é grandiosa.”
“Decidi começar a escrever este diário, hoje mesmo, para persistir na ilusão de que alguém me escuta.”

Déjeuner du Matin, Jacques Prévert

Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au lait
Et il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s’est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu’il pleuvait
Et il est parti
Sous la pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j’ai pris
Ma tête dans ma main
Et j’ai pleuré.

Dali



 


    Faça você também Que
  gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia



quinta-feira, julho 15, 2004

Poema Duplo

Não te amo mais.
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
não significas nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais.

OBS: Agora lê de baixo para cima.

Cromos Sociais

A nossa vida social é como uma caderneta, vulgo agenda, na qual se vão colando vários cromos que nos vão saindo nas saquetas. A ideia é juntar cromos pessoas com cromos locais, por exemplo: o cromo amiga de infância com o cromo cinema. O objectivo é fazer associações o mais variadas possíveis, no entanto, e não sei bem porquê, no que me diz respeito, os cromos que mais saem são os melgas e cinema.
Na categoria cromos humanos existem muitas sub-espécies: amigos da rua, da escola (vários graus incluídos, como jardim-de-infância, pré-primária, secundário, faculdade, mestrados), do desporto (futebol é o mais comum, mas podem ainda encontrar-se badmington, berlinde, sumo – de uva, claro, matrecos, e muitos mais), dos tempos livres (ponto de cruz, apicultura, cunicultura, canto gregoriano – que normalmente é a seguir aos encontros do clube do sumo de uva), da família, do trabalho.
Depois, na categoria dos cromos geográficos o mais vulgar é: local de trabalho, casa, cinema, café. E é nesta categoria que existem talvez dos cromos mais raros de encontrar, como Caraíbas, Nova Zelândia, Katmandu. Nós bem nos fartamos de comprar carteiras para nos sair um destes cromos, de preferência em conjunto com aquele igualmente raro cromo do gajo bom (em todos os aspectos).
Mas enquanto não nos calha tal sorte, bem lá vamos nós andando por estas páginas…