quarta-feira, novembro 03, 2004

Não tenho segredos, sou um livro aberto

Não tenho segredos, sou um livro aberto
Apenas não te cedo o que sei de mim
Até porque, por vezes, apenas finjo saber
O que vai e o que não vai por dentro.
Não é uma questão de te guardar segredo
Apenas não sou receptiva a revelar-me
Por medo de não haver retorno
Uma vez dito, não há desdito
Por sentir que não me compreenderias.
Além de me contar
Teria de me explicar
E não sabes o esforço que isso implica.
Dizer é algo, justificar é diferente
É sentir que me invades
Naquilo que é verdadeiramente só meu
As minhas memórias e perspectivas
Que diferem das tuas
Mesmo que vividas simultaneamente
Tão diferentes que sinto por vezes
A necessidade de me explicar
Para que me compreendas
Mas revelar-me é tão complicado
E a aura do segredo
É bem mais simples e sedutora
Como um imã
E enquanto me escondo
Gravitas em meu redor
Atraído pela possibilidade
De saber o que não sei.

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