quarta-feira, novembro 17, 2004

De intimidade


Li algures numa revista uma constatação, que passe o pleonasmo, já tinha constatado há muito tempo. Para a maioria das pessoas a noção de intimidade tem única e exclusivamente uma vertente sexual. Ou seja, para essas pessoas ser íntimo de alguém é somente ter relações sexuais com essa pessoa.
Já eu e uma minoria não nos revemos neste noção demasiado reduzida da palavra. Ter intimidade com alguém é ter a confiança e o à vontade para confidenciar os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos complexos e fraquezas com alguém que sabemos que nos vai ouvir. Alguém que nos poderá ou não aconselhar, mas que sobretudo não irá emitir juízos de opinião levianamente. E estabelecer esta relação e nível de intimidade é sim um desafio e uma das mais gratificantes aventuras de conhecimento humano. É ao desenvolver esta intimidade que crescemos.
Por isso há tantas relações que não vingam. As pessoas preocupam-se mais em ter uma intimidade física do que em estabelecer relações de verdadeira intimidade. Já ninguém tem amigos íntimos (que até são platónicos), tem amigos coloridos.
E já tentaram fazer alguém compreender esta grande subtileza? Às vezes é muito complicado. Mas ainda bem que não sou a única a pensar deste modo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eis uma situação que demonstra até que ponto o sexo e a intimidade nem sempre estão relacionados. Uma amiga minha andou envolvida com um galifão que, quando lhe saltou para cima, antes de "meter", perguntou "Posso?". Isto é de homem? Homem que é homem mete e não pde licença. Pedir licença é de roto...

Adelaide Bernardo disse...

Confesso que custou, mas foi. Descobri-te M.