quinta-feira, junho 30, 2005

As Melhores Canções Infantis

Houve quem gozasse comigo, e inclusive não acreditasse, quando ao perguntar-me o que é que eu queria como prenda de anos eu disse: Aquele CD que saiu agora com as músicas do desenhos animados. Mas, lá recebi o CD e ontem diverti-me imenso a ouvi-los. Diverti-me eu e os meus sobrinhos. A seguir ao jantar, resolvi pôr o CD a tocar e andámos os três a dançar e aos pulos no meio de gargalhadas.
E é assim que se partilham momentos com as nossas crianças.
Obrigada P.

Gonçalo M. Tavares, in JL #902

A amizade faz-se de um
Para um, por vezes de dois para um: em matéria de sinceridade
O número quatro assusta-me

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- Não podemos ser verdadeiros para todos ao mesmo tempo. Só me sinto bem de um para um, ou em multidões.
- Vejo mais parado do que a andar de um lado para o outro. Sou um turista sentado.
- É uma questão de imaginação, os meus olhos não precisam de ver.
- A verdadeira literatura é aquela que pode ser relida.
- Em termos de linguagem, acho que uma pessoa deve dizer o que tem a dizer e calar-se o mais rapidamente possível. Há uma responsabilidade no acto de abrir uma frase. Ou seja, antes de o fazer deve-se perguntar se tem alguma coisa para dizer. E devemos ser o mais sintético possível.
- A dignidade só pode ser avaliada em situações limite, de medo, de agressividade, violência, de extrema pobreza.
- Vejo a escrita como um exercício para treinar muscularmente a nossa lucidez. E o principal ginásio é claramente a leitura.
- A literatura começa precisamente quando recusamos ser moralista e instintivamente somos perversos.
- Quem escreve não pode olhar para onde toda a gente está a olhar, mas para o outro lado.
- A linguagem tem uma grande liberdade, mas não me interessa propriamente experimentar. Quero perceber. (…) a tentativa de perceber o ser humano, no que tem de mais fundo, pesado e denso.
- Não tenho a ilusão que um livro possa transformar radicalmente uma pessoa, mas acredito que uma série de livros o pode fazer, ainda que ligeiramente. Se eu não tivesse lido os livros que li, seria completamente diferente. Não consigo apontar só um livro que me tenha transformado, mas sei que todos os que li me transformaram muito.

A Posição Anatómica

(...) há uma posição exacta para descrever os ossos
e uma outra para isolar a alma.
Mas da segunda não ouvi falar; não há desenho.

Mundo Literário
Era uma mulher voluptuosa, mas muito sensível. Escrevia poemas e guardava-os no sempre emocionante espaço que existe entre um seio e outro.
Alguns homens não a largavam à procura de inéditos.


in Senhor Henri
… é verdade que se um homem misturar absinto com a realidade fica com uma realidade melhor.
… mas também é certo que se um homem misturar absinto com a realidade fica com um absinto pior.
… muito cedo tomei as opções essenciais que há a tomar na vida – disse o senhor Henri.
… nunca misturei o absinto com a realidade para não piorar a qualidade do absinto.

terça-feira, junho 28, 2005

Branco?

You are White Chocolate
You have a strong feminine side with a good bit of innocence thrown in.
Whether your girlish ways are an act or not,
men like to take care of you.
You are an understated beauty,
and your power is often underestimated!

Lover Boy – A Educação de Paul

Lover Boy é a primeira experiência de realização de Kevin Bacon e, infelizmente, não é bem sucedida. A história relata o desejo egoísta de uma mulher em ter um filho para poder canalizar a sua necessidade de amar e que se torna incapaz de o dividir com mais alguém. Este amor obsessivo é um tema interessante, mas a sua exploração é quase penosa para o espectador. Bacon usa e abusa de flash-backs com o intuito de exemplificar as carências afectivas desta mãe o que, além de interromper o normal fluir da história, se torna demasiado repetitivo.
O filme conta com a participação de vários actores que ao longo da sua carreira trabalharam com Bacon e Kira Sedgwick, esposa deste e a intérprete desta mãe disfuncional, e que aqui mostra o seu potencial como actriz.
A quem arriscar ver, recomendo uma boa dose de paciência para não desistir pelo caminho.

sexta-feira, junho 24, 2005

O lado bom da fúria

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… é o que aprendemos depois desta passar. Conclusão a que chega uma das personagens no final da história. Uma conclusão supostamente sábia mas que se aplica a quase tudo na vida que é menos agradável. O lado bom é a lição.
O filme é interessante, mas não é nada de extraordinário. Relata a vida de uma família de mulheres após o suposto abandono da figura do pai e o modo como esta encara essa perda. O melhor ainda é Costner que apesar de alguns flops na sua carreira parece talhados para filmes românticos e de preferência a interpretar jogadores de beisebal.
Nota ainda para a jovem actriz Rachel Evan Ward, da série Começar de Novo, cujos trabalhos até ao momento auguram uma carreira promissora.

quinta-feira, junho 23, 2005

Star Wars - A Vingança dos Sith

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É verdade, finalmente o terceiro episódio e com ele o final das sagas que marcaram a nossa geração. E o mais curioso é que as grandes sagas cinematográficas tiveram início e terminam um ciclo exactamente com Star Wars. Digo terminam um ciclo porque não se sabe o que o futuro trará, mas certamente para as gerações dos thirty e fourty someting este é o final de um capítulo.
Voltando à história, é claro que este é talvez o filme com menos surpresas em termos do que irá acontecer, ficando as novidades apenas no como irão acontecer. Assim sendo, gosta do filme quem é fã e quem se deixa ainda deslumbrar pela magia do cinema. Essa magia que é feita de histórias simples e da sedução dos efeitos especiais que mais não são do que uma demonstração da nossa capacidade de imaginação.
Eu deixei me deslumbrar.
Com o crescendo de fatalidade em torno da personagem de Anakin Skywalker, que recorda as grandes tragédias gregas e seu o clímax trágico. Com a eterna luta entre o bem e o mal e como este última pode entrar tão subtilmente na vida de alguém e pouco a pouco minar uma existência. Com a beleza dos efeitos especiais e essa capacidade de nos levarem mais além. Ou como se diria numa outra série de culto: to boldly go where no man has ever been. Com as coreografias das lutas de sabre de luz que sempre me fascinaram.
Sim, a saga não poderia acabar de melhor maneira.
Agora resta-nos uma certa melancolia…

quarta-feira, junho 22, 2005

Memória das Minhas Putas Tristes, G. G. Marquez

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· a moral também é uma questão de tempo, …
· a verdade é que as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e continuamo-nos a ver-nos de dentro como sempre tínhamos sido, mas os outros vêem-nas de for a.
· naquela noite descobri o prazer inverosímil de contemplar o corpo de uma mulher adormecida sem as pressas do desejo ou os entraves do pudor.
· Uma mulher não perdoa nunca que um homem despreze a sua estreia.
· … senti na garganta o nó górdio de todos os amores que podiam ter sido e não foram.
· … assim como os factos reais se esquecem, também alguns que nunca existiram podem estar nas recordações como se tivessem existido.
· a idade não é a que temos mas a que sentimos.
· … os que não cantam não podem imaginar o que é a felicidade de cantar.
· Incrível: vendo-a e tocando-lhe em carne e osso, parecia-lhe menos real do que nas minhas recordações.
· O sangue circulava pelas suas veias com a fluidez de uma canção que se ramificava até aos pontos mais recônditos do seu corpo e voltava ao coração purificado pelo amor.
· … não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência.
· Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do Zodíaco.
· … a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes mas os contrariados.
· Não se engane: os loucos mansos adiantam-se ao futuro.
· O sexo é o consolo de uma pessoa quando lhe falta o amor.
· O que pensa uma mulher enquanto cose um botão.
· … porque o amor me ensinou demasiado tarde que nos arranjamos para alguém, nos vestimos e perfumamos para alguém, e eu nunca tinha tido ninguém.
· Já pensou o que vai fazer se eu lhe disser que sim?
· … uma vez mais comprovei com horror que se envelhece mais e pior nos retratos do que na realidade.
· … os ciúmes sabem mais do que a verdade.
· É impossível não acabar sendo como os outros julgam que somos.
· Faças o que fizeres, neste ano ou daqui a cem, estarás morto para sempre.

terça-feira, junho 21, 2005

Creio

Creio
Que não há espírito sem carne
E carne nada é sem espírito
Creio
Que primeiro se dá e depois se recebe
E que nem sempre assim é
Creio
Que talvez agora te tenha encontrado
Creio
Não num deus maior
Mas em redenção e aceitação
Creio
Que procuro sempre
Mesmo que não encontre
Creio
Que a verdade também mente
Quando procura suavizar a dor
Que a mentira quando doce
É uma ilusão a ser vivida
Creio
Que tenho muito a dar
E espero ainda aprender
O muito que houver para receber
Creio
Que palavras são só palavras
Mas quero o seu deleite
Creio
Que o olhar engana
Mas por vezes foge a coragem de ir mais além
Creio
Tento crer-me
Para que alguém me creia

Milfontes

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Nunca tinha ido a Vila nova de Milfontes, até este último fim de semana (grande) em que eu mais a Nhó-nhós e o Obi-Kan Pereirinha nos metemos no meu Batmobile e lá fomos serra abaixo, como se costuma dizer. E foi um fim-de-semana super divertido.
Primeiro porque finalmente pude comer um dos tão famigerados gelados do Mabi. E não é que são óptimos, gostei particularmente do de leite creme, mas há para todos os gostos. Depois, depois foi a vez do Café Turco. E para quem ia decidido a conhecer a night milfontense, acabamos por ir sempre ao mesmo sítio, o que não sendo de muitas novidades, quer apenas dizer que gostámos todos do sítio. Uns pelas pipocas, outros pelas morangoskas e outros pela menina que vinha servir às mesas.
Pelo meio ficaram muitas larachas como as do pau grande e fluorescente e os nossos planos para quando ganharmos o totoloto. Aviso que os mesmos incluem a abertura de uma gelataria com sabores um tanto ou quanto sui generis.
Para acabar, nem sequer faltou a loura do circo que tinha mais pancada que todos nós juntos.
A repetir…

sexta-feira, junho 17, 2005

A preguiça é o meu pecado mortal. Quanto deixo por fazer apenas para ficar assim no meu canto docemente abandonada ao ócio, ao calor morno dos lençóis, à doçura da lentidão dos gestos.

Ode à sangria

Queria fazer
uma ode à sangria
Ao seu doce desvario
Que nos engana com sua leveza
De copo em copo
De trago em trago
Esta sangria
E se desatada corre
Não corro, que mais não posso
Travo doce e leve
Pernas bambas
Cabeça pesada
Passos trocados
Palavras fugidias
Que risos provoca
Devia ser sempre assim
A vida inebriante

quinta-feira, junho 16, 2005

Tabacaria, Pessoa

Não sou nada.
Nunca serei nada,
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(…)
estou hoje dividido entre a lealdade que devo
à Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por for a,
e à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
(…)
que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
(…)
não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim …
(…)
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquista-lo, ainda que tenha razão.
(…)
serei sempre o que não nasceu para isso;

serei sempre só o que tinha qualidades;
(…)
crer em mim? Não, nem em nada.
(…)
e o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
(…)
fiz de mim o que não soube
e o que podia fazer de mim não o fiz.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
(…)
sempre o impossível tão estúpido como o real,
sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Os Poemas da Minha Vida, M. Soares

Os Poemas da Minha Vida é uma edição de colectâneas de poesia com a chancela do jornal Público, ficando a selecção do primeiro volume a cargo de Mário Soares.
A minha primeira impressão, percorrendo antes de mais o índice, é que este volume apresenta opções demasiado coladas aos programas escolares. Vários dos autores e os seus poemas passaram já por mim durante o meu percurso de estudante. Talvez a falha seja minha, que espera conhecer novos autores e sobretudo novos poemas. Com excepção feita aos autores do século XX, esta selecção não apresenta novidades.
Como os olhos também comem, já lá diz o ditado, saliento a simplicidade estética do design desta colecção, marcada simultaneamente pela sobriedade e pela cor.
Este volume fez-me novamente percorrer as cantigas de amigo, que apesar da sua simplicidade não me seduzem. Nunca achei particular piada ao seu paralelismo, apesar de alguns destes poemas apresentarem belas e subtis variações. Fascina-me muito mais a complexidade de outras estruturas poéticas, como por exemplo o soneto. Com a sua rigidez estrutural que o aparenta com uma prisão, parece que esta estrutura é um desafio constante aos poetas. Uma prisão que instiga a portentosa imaginação do poeta agrilhoado.
Mas foi curioso, porque, é claro, descobri poemas que desconhecia.

quarta-feira, junho 15, 2005

A liberdade de ser mulher

A liberdade de ser mulher
Neste cantinho à beira mar
A liberdade de ser mulher
Quando se pode ser mulher
Depois de não se poder ousar sonhar
Viver o que quero como quero

A liberdade de ser mulher
Sem ter nascido
Numa castradora tribo africana
Numa inibidora comunidade
Poder usufruir do meu corpo
E do meu prazer
Sem falsos conceitos
Sem falsos preconceitos
Gozar apenas

A liberdade de ser mulher
De poder gerar uma vida
Ainda que não concretizada
De traçar o rumo e seguir
Ou simplesmente permanecer

Não ter de cobrir o corpo
Não suscitar o pecado só por ser, por existir
De poder erguer a voz e falar
De ouvir e ser ouvida
Respeitar e ser respeitada
Amar e ser amada

De errar e poder corrigir
Do erro não ser fatal
De chorar e sorrir
De criar
de aceitar
De imaginar
De erguer as asas e voar
De desnudar o meu corpo
À luz da lua e do sol

Não poderia ser antes
Não poderia ser algures
Não poderia serSó poderia ser aqui e agora

terça-feira, junho 14, 2005

VOLTEI!

Pois é, voltei das minhas férias e cá estou pronta para novos posts. Por isso, nos próximos dias cá irão ficando as impressões relativas a este últimos mês de ausência por este lados.
E para assinalar este regresso, resolvi mudar para um look mais clean. Afinal simplicidade é um dos segredos do sucesso.