O que me levou a comprar este livro foi a curiosidade de como e sobre que escreveria um reputado neuro-cirurgião e cujo irmão granjeia grande fama como escritor.
Dos vários ensaios que constituem o livro, tive uma maior empatia pelos de pendor mais humanista e uma óbvia maior dificuldade com os mais técnicos, o que é compreensível dada a minha formação e sensibilidade. No entanto, todos eles foram bastante elucidativos e uma fonte de aprendizagem. São vários os temas abordados e apesar da linha condutora de cada um ser una, há sempre pontos de interligação entre todos, e podemos sempre compará-los com a nossa experiência de vida.
Um dos temas é a relação médico-paciente e de como, numa época actual de desenvolvimento tecnológico, esta relação é de maior afastamento, sendo imperativo consciencializar os profissionais da saúde para a necessidade do toque humano aquando do tratamento da doença que ao debilitar e fragilizar o doente o deixa desamparado. A restituição de motivação ao combate da doença passa muito pelo toque e encorajamento de quem está perto e o médico e com certeza alguém em quem se deposita a maior das confianças neste período. Consequentemente, o tratamento da dor e do sofrimento causados pela doenças merece uma outra reflexão, com a apologia dos cuidados paliativos como forma de dar dignidade aos últimos momentos de vida de doentes na sua maioria em agravado estado de agonia.
Marcantes são as pessoas que nos influenciam, os nossos mestres de quem recebemos a sabedoria que tentamos alcançar e tentamos levar mais além. Marcante é também o poder do toque de uma mão e os seus vários tipos de toque, como a expressão de emoções e as capacidades e habilidades técnicas que esta confere.
A possibilidade de acesso à informação e ao conhecimento por parte dos pacientes coloca novos desafios aos médicos. Por um lado o crescente número de neo-hipocondríacos que se assumem quase como mais sábios que aqueles que os vão tratar, como os pacientes que apesar das respostas tentam procurar mais, preparar-se mais. Este acesso é também um dos factores que distingue o paciente das denominadas doenças da pobreza e da riqueza. Dependendo de estratos sociais, estilos de vidas e possibilidades económicas, diferentes doenças são-lhes características. Há, no entanto, uma maior preocupação pela maioria da população em adoptar novos estilos de vida saudáveis, com o objectivo de aumentar não só a qualidade como a quantidade de vida. E este aumento traz por sua vez consequências em termos de saúda o que levanta novos desafios à comunidade médica.
Por último, uma referência a dois temas que o autor aborda em ensaios diferentes mas que também não os dissocia: a literatura e a morte. A primeira considera-a uma professora na arte de lidar e conhecer o ser humano, uma arte que o médico não pode descurar, salientando-o que foi em vários livros que aprendeu a conviver com a morte como final inevitável de um paciente e sugerindo que todos os médicos deveriam ler algumas obras literárias.
1 comentário:
Penso que ficaria melhor escrever "cujo irmão", e não "cujo o irmão"...
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