sexta-feira, outubro 29, 2004

Big Fish


Normalmente, as histórias de Tim Burton têm como protagonista alguém (homens, mulheres, crianças) inadaptado ou dotado de algum tipo de deformidade física que o impede de ser aceite pela sociedade e, mais dramático ainda, de serem muitas vezes amados pelos seus progenitores. Quem não se lembra de Eduardo Mãos de Tesoura, do primeiro Batman e o seu rejeitado Pinguim, entre outros. Aliás, no universo Burton ninguém é o que habitualmente designamos de “normal”. E esta “anormalidade” é sempre acompanhada pelo negro, pela sombra, por espectros (com talvez excepção da vivacidade cromática de Marte Ataca).
Pois bem, em Big Fish temos tudo isso, mas sob uma nova perspectiva. Uma perspectiva aparentemente mais light, mas na minha humilde opinião apenas mais esperançosa.
Big Fish conta-nos a história de um contador de histórias que devido a essa sua faceta foi repudiado pelo filho que nunca acreditou nas suas histórias de vida. Agora, com a morte do pai prestes a acontecer, o seu filho tenta reconstruir a verdade a partir da fantasia. Nessa viagem percebe que apesar de todos os seus exageros, o seu pai era realmente uma pessoa única e acarinhada por todos e cujo grande amor foi sempre a sua família. Apenas à beira da morte do pai, Will (que está igualmente prestes a ser pai) compreende a necessidade de fantasia e do despontar da mesma para dar sentido a uma vida e torna-la mais bonita e mágica.
Para mim, o que é engraçado observar é que este filme foi feito após Burton ter sido pai pela primeira. Parece que é uma tomada de consciência de que agora ele deixou de ser o filho desajustado e se tornou o pai desajustado. Resta agora ao futuro saber se será aceite ou não.
Não compartilho a opinião generalizada de que este é o menos “Burton” dos seus filmes. Tem lá todas as características dos outros, é é realmente menos negro. Mas sempre obrigatório ver.

2 comentários:

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, o "rejeitado" Pinguim não aparece no primeiro Batman, mas sim no segundo (Batman Regressa). O vilão do primeiro Batman era o Joker que, diga-se de passagem, não era propriamente um rejeitado, mas sim um gajo muita fixe!
Em segundo lugar, as características enumeradas dos filmes do Tim Burton são contrariadas com maior frequência no "Planeta dos Macacos". Apesar de se tratar de um remake (ou talvez por isso mesmo), praticamente não possui uma única destas facetas. Na verdade, é pouco provável que se lembrem dele como um filme do Tim Burton.

Anónimo disse...

Além disso, presumo que querias dizer que o Burton foi pai pela primeira vez (faltou escrever "vez", no penúltimo parágrafo)!