terça-feira, maio 30, 2006

Dicionário

Abulia - do Gr. aboulia <>boulé, vontade; s. f., doença caracterizada pela ausência ou enfraquecimento da vontade.

Imo - do Lat. imu, o mais baixo, o mais fundo; adj., íntimo; que está no lugar mais fundo; s. m., âmago.

Guanaco s. m., Zool., mamífero camelídeo da América do Sul, espécie de lama.

Cúter - do Ing. cutter; s. m., navio de um só mastro.

Cerúleo - do Lat. caeruleu; adj., da cor do céu ou do mar.

Sabedorias

Viver intensamente compensa todo o esforço e quase todo o sacrifício.
Viver a meias sempre foi a função e o castigo dos medíocres.
Rolo Diez

… pois só os bobos se poderiam importar com alguma coisa
que não fosse a arte de continuarem vivos.
Márcio de Sousa

O poeta não é aquele que canta a chuva.
O poeta é o que faz chover.
Provérbio hindu

sábado, maio 27, 2006

Uma pequena história de mim

A minha família tem origem na freguesia de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. É lá que está a casa de família construída pelos meus avós paternos e que aquando da morte destes foi herdada pelo meu pai. A casa da terra foi sempre o nosso destino de fim-de-semana e de férias – sempre curtas, pois não duravam mais de uma semana. A sua arquitectura era simples: três quartos, três salas, uma cozinha com lar e no piso térreo a adega e os restantes espaços de armazenagem e criação de animais.
Não tenho qualquer recordação dos meus avós lá. O meu avô morreu ainda eu não tinha nascido e a minha avó quando eu era ainda pequena. As poucas imagens que dela tenho têm como cenário a casa onde nasci e ainda hoje vivo. Mas essas recordações são uma outra história…
Na nossa casa da terra, costumava dormir numa pequena sala contigua ao quarto dos meus pais. Nessa sala, além de mobílias velhas, que não podem ser consideradas antiguidades, foi pendurado a certa altura um quadro com uma menina bailarina. Era um quadro bonito, uma qualquer imitação, penso eu, de um pintor de renome, mas até agora nunca vi nenhuma imagem igual àquela. Esse quadro foi-se deteriorando ao longo dos anos perdendo a cada Inverno a inglória batalha da humidade. Na verdade, sempre me fez questionar quantas obras de arte se perderam no mundo por simples incúria ou ignorância.
O quadro ficava de frente para o pequeno divã em que dormia. Era já velho e o seu formato concavo acusava já os muitos anos de uso. Eu não me importava. Era ai que me anichava e me preparava para dormir e era ai que de manha ao acordar recebia a luz que o sol contrabandeava por entre as ténues frestas da janela.
Uma das primeiras coisa que via era o tecto de madeira num pálido tom de verde que não deveria ser muito diferente do tom original. Em cada canto do tecto havia uma pequena andorinha cerâmica que pareciam voar para o centro da sala. Era o que o tornava único.
Quando anos mais tarde o meu pai resolveu fazer obras que a casa já há muito necessitava quase toda a sua traça foi alterada. E essa sala também deixou de o ser.
Antes de se iniciar o desmancho, o meu pai e o meu tio olharam longamente para aquele tecto num momento que todos respeitámos e não ousamos sequer interromper, pois nos seus olhos tristes se percebia a solenidade da despedida.
Para mim essas andorinhas são parte da minha infância e nunca tinha pensado nelas como parte da infância do mau pai. É estranho e curioso como parece inconcebível que os nossos pais tenham tido uma infância. Para nós são adultos e pouco mais vemos deles além desse estado. É preciso um certo esforço para vermos mais além e isso não significa que o consigamos. Aliás, continuo a não conseguir ver o meu pai como criança. Mas, hoje, que já deixei a infância há alguns anos, compreendo cada vez mais aquele olhar de despedida do meu pai. O olhar resignado e triste com que nos despedimos dos lugares que nunca mais veremos a não ser nas nossas recordações. Reconheço esse olhar. Cada um de nós despediu-se à sua maneira da casa da nossa infância.

Nome de Toureiro, L. Sepúlveda

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- … nenhuma confissão é limpa quando acompanhada pelo lastro da traição.
- Um homem pode suportar muita dor. O assombroso mecanismo do cérebro oferece recantos, regiões de vazio absoluto, onde é possível a gente esconder-se, e fica sempre a opção final de nos deixamos abraçar pela loucura. Para alcançar esta duas possibilidades é preciso acreditar em “qualquer coisa”, e ver, apalpar, que o silêncio persistente faz com que essa “qualquer coisa” seja inalcançável pelos torturadores.
- Perder é uma questão de método.
- Exila-se o que apenas conheceu um dos lados da medalha e que leva os seus erros mais além de onde os aprendeu, mas o que atravessou todo o túnel descobrindo que os dois extremos são escuros deixa-se ficar preso.
- É recomendável escolher os voluntários entre os menos aptos para a acção heróica ou entre os mais tocados pelos efeitos da guerra na sociedade civil.
- Há sempre um dia em que cada um de nós tem de enfrentar situações sem saída.
- … as retiradas difíceis resultam quando disfarçadas de ataques em massa.
- Eu sou um tipo disciplinado. Não penso, não dou opiniões, não acho nem digo nada. Cumpro ordens.
- Enquanto fumava pensou que tudo estava a acontecer de uma maneira mais difícil do que acreditara. Começavam a intervir os imponderáveis, os inevitáveis acontecimentos imprevistos. - E como o único modo de os enfrentar é conhece-los, decidiu fazer um inventário da situação.
- … porque é que temos tanto medo de olhar de frente para a vida, nós que já vimos as aúreas cintilações da morte.

sexta-feira, maio 26, 2006

Piada do Dia

Isto não é para todos...
... somos o único país que consegue perder com um outro país que já nem sequer existe.

in Revolta dos Pastéis de Nata

Critérios de Selecção

Situação 1
- Queres ir com a tia ou com a avó?
- Com a tia. Porque a tia tem lá três bolas: uma pequenina de plástico, uma dura de basquete e uma grande de encher.

Situação 2
Escolhe-se um livro porque...
… se lê na bandana: 1968, Cernache do Bonjardim, Sertã.

quinta-feira, maio 11, 2006

Grease

Não é, com certeza, o melhor musical de sempre, mas é, com certeza, divertido e puro entertenimento.

You better shape up,
'cause I need a man
and my heart is set on you.
You better shape up;
you better understand
to my heart I must be true.
You're the one that I want.
The one I need.
Oh, yes indeed.

terça-feira, maio 09, 2006

é a vidinha...

Você é Como O Macaco Gosta De Banana: Você tem um espírito altamente brincalhão e galhofeiro – que para algumas pessoas em seu redor chega a ser abusivo. Gosta de abanar o sistema e não tem qualquer pudor em criar alguma polémica em seu redor. Preocupa-o mais a banalidade do que a incompreensão.

sábado, maio 06, 2006

De sorte

(Escrito uns dias antes do teste)
Não podemos menosprezar o factor sorte na nossa vida e o quão ele possibilita a realização de algo. É o velhinho adágio: estar no sítio certo, no momento certo. Analisando momentos passados sei que fui por vezes bafejada com esse dom e que a minha resposta foi somente esta: aproveitar a sorte que me foi concedida. Poderá essa sorte ter sido injusta para com outros? Sim, poderá. Não serei cínica ao contraria-lo. Alguns terão sido recompensados, outros não, mas quem me diz que o seriam se a recusasse.
Essa sorte valeu-me bons momentos e acho que os aproveitei bem, sem ela não estaria onde estou hoje. Não me arrependo de ter aproveitado a sorte que tive.

O Teste

Your Luck Quotient: 78%

You have a high luck quotient.
More often than not, you've felt very lucky in your life.
You may be randomly lucky, but it's probably more than that.
Optimistic and open minded, you take advantage of all the luck that comes your way.

quinta-feira, maio 04, 2006

Frida Kahlo

Nunca pintei os meus sonhos, só a minha realidade.
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Para grandes males, grandes remédios...

... assim diz o ditado. Mas não é necessariamente assim. Os remédios não são obrigatoriamente grandes, apenas parecem, porque os males que curam têm uma grande amplitude na nossa vida. Mas maioritariamente os remédios são até pequenos. O seu efeito é que de tão reconfortante se apresenta como grande.
E é até curioso como os pequenos, os pequeníssimos remédios conseguem um tão grande alívio. Basta a iniciativa de os tomar.

quarta-feira, maio 03, 2006

Uma história de Amor como Outra Qualquer, L. Etxebarría

- Por vezes penso que … aquela forma de pensar insistentemente no prazer, me proporcionava, na verdade, uma satisfação muito mais subtil do que a sua própria realização.
- … sempre defender, contra tudo e contra todos, quão importante é para uma mulher conservar a sua independência e aprender a gozar a sua solidão.
- … a mente está disposta a ignorar a realidade imediata, o que vê, e a adoptar o que julga que dever ver, ou o que deseja ver.
- … não +é esta a própria essência da paixão, este ver-se a si mesmo através dos olhos de um outro?
- Ao amor, borboletas no estômago, seguira-se o orgulho, caranguejos no estômago, as pinças raivosas exigindo uma reparação.
- … no amor, e no jazz, o prazer depende da surpresa, do inesperado, do improviso.
- Paixões consumadas, paixões consumidas, pois nenhum grande amor se ajusta ao ideal de perfeição que todo o Grande Amor postula e de que necessita. Por isso era mais fácil amar no território do desejo do que no da realidade.
- … esta obsessão moderna pelo Grande Amor … serve de desculpa perfeita para repudiar o amor quando este se apresenta.
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Sou uma rapariga sociável, tenho muitas amigas e, além disso, devo ter cara de “conte-me o seu caso”, porque acontece que toda a gente vem ter comigo e me relata as suas penas, talvez porque sabem bem que nunca revelo segredos, habituada como estou, desde pequena, a guardar aquele com que vivo, e garanto que, se continuasse a contar histórias, não pararia até à madrugada. Todas parecidas no essencial: rapariga encontra rapaz, rapariga vê em rapaz o príncipe azul, rapariga descobre que o príncipe azul tem pouco de cor-de-rosa ou de azul e bastante de castanho-escuro. Enfim, sendo assim e assim sendo, não me incomodava especialmente essa coisa de ser solteira e sem compromissos, …, embora talvez fosse verdade que uma parte de mim sentia falta de um corpo quente na cama, ao deitar, e umas quantas palavras bonitas, ao acordar.

terça-feira, maio 02, 2006

FDS Retemperador

Este fds foi de passeio, mas mais do que o turistar, foi um relavar de alma. Nem eu me tinha apercebido antes o quanto eu estava a necessitar de um tempo assim: para descansar, para descobrir coisas novas para libertar toxinas. Sinto-me com as baterias recarregadas para um novo round.
Claro que o início do fds foi do mais enguiçado que houve, pois os planos iniciais foram todos mudados de uma hora para a outra. Mas depois da devida adaptação e numa perspectiva de não fazer mais planos, a road-trip engrenou e tudo correu bem. o caminho levou-nos até Estremoz, Borba, Elvas, Badajoz, Jerez de los Caballeros, Fregenal e Sevilha. E isto quando o plano inicial incluía somente Sevilha. Com todas estas andanças visitar Sevilha acabou por ficar somente como um pequeno aperitivo para uma futura visita com mais tempo. É uma cidade deveras bonita e demasiado grande para ver num só dia. O regresso está previsto.
Adorei a viagem, ou o espírito road trip não me estivesse no sangue, com as paragens, as paisagens alentejanas e espanholas muito semelhantes e repletas de flores em coloridos mantos. Rendi-me à arquitectura e estética árabe com a a sua complexidade e beleza geométrica. Foi realmente o fds que necessitava para me levantar o ânimo que andava tão por baixo. Agora quero mais.