quinta-feira, março 11, 2004

Os Fantasmas de Pessoa, Manuel Jorge Marmelo

A morte é a curva na estrada, morrer é só não ser visto.
Fernando Pessoa

-… o destino é uma estrada cheia de curvas e contra-curvas.
-… o número de crédulos será tanto maior quanto mais ousada for a mentira.
-A vida deixa de fazer algum sentido se nos abandona a certeza de que alguém vela por nós e cuida para que a maldade do mundo não fique impune.
-Talvez fosse ele, talvez fosse eu. Sucede-me muitas vezes não saber quem sou.
-A mais importante característica das coisas secretas é que elas permaneçam efectivamente em segredo.
-…, não vendo e não sabendo, sequer, que coisa seja a felicidade, aqueles que a escuridão oprime não podem sequer aspirar a ser felizes, conhecendo como conhecem, a angústia do medo e a servidão.
-…, a necessidade de viver tudo de todas as maneiras, inteira e profundamente, como forma de conhecimento da verdade que há dentro de cada homem.
-… a vida é isto: a eterna incerteza.
-Pois bem: a procura da plenitude. A face de todas as coisas e também o seu contrário. A verdade toda e a impossível verdade, a oculta, aquela que jamais alcançaremos.
-Nós estamos na confluência do tempos e do espaço, no sítio onde o mistério último, a palavra perdida, se manifesta.
-Eu não sou um iniciado. Simplesmente sinto-me múltiplo. Sinto crenças que não tenho. Sinto-me viver vidas alheias a mim, incompletamente, como se participasse na vida de todos os homens. Mas não sou um iniciado.
-A mentira é só uma das metades da verdade e só conhecendo a ambas e negando-as depois chegaremos perto de conhecer tudo.
-Porque é que, para ser feliz, é preciso não o saber?
-…, o raciocinador nunca crê que a razão possa ser substancialmente irracional.
-Às vezes não sei se enlouqueço deveras ou se apenas vivo demasiado intensamente a loucura das personagens.

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