sábado, fevereiro 18, 2006

MUITO MUITO MUITO BOM!

ROMA
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2ª - 11.00 - :2

Match Point

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Já tanto se disse e já tanto se escreveu sobre o último Allen que este post não vai trazer nada de novo (se é que os meus posts alguma vez o trazem). Uns dizem que é o melhor filme do realizador da última década, outros que é o menos parecido: ou porque falta Manhattan como pano de fundo ou porque falta qualquer outro complexo mais ou menos edipiano.
O que MP tem de bom é a quase ausência de realização, quase porque é tão discreta quanto a história que relata é simples e é esta que sobressai. Não há efeitos especiais relevantes, não há uma fotografia excepcionalmente bela ou rebuscada, há sim uma eficácia de imagem em prol da história e das personagens.
O argumento é simples como já disse, escorreito, sempre coerente com a tese (a vida é uma jogo e como em qualquer jogo, para se ter sucesso é preciso ter sorte) que defende, o que o torna bastante irónico. E esta sim é uma característica profundamente alleniana. E a tese? Só isso daria para vários posts.
Mas nem tudo são rosas neste filme. A interpretação de Rhys-Meyers deixa muito a desejar e está mais para cabotino, do que outra coisa, e a passagem do tempo só é transmitida pelos diálogos, de resto, nada nos indica que se passam meses ou anos.
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Este é daqueles filmes que se adora aos 15 e quando se revê aos 30 se diz: credo, é tão mauzinho. Talvez porque é um filme para adolescentes somente. Aos quinze anos a história de uma jovem amiga do seu amigo que adquire confiança em si através da música e da dança faz sentido. É uma altura em que andamos ainda à procura do que somos e tudo o que nos faça confiar em nós é bem-vindo. E quase todas as mulheres passaram na sua adolescência pela fase Baby.
Aos trinta, quando em principio essa confiança já está cimentada, olhamos para o filme e vemos as suas fraquezas. O argumento inócuo, as interpretações mais que medianas, a realização fraquinha, com microfones a aparecerem em vários locais, etc.
O bom? A banda sonora. Essa sim continua a valer a pena para um bom pé de dança. ;)

Olhos de Anjo

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Gosto deste filme pelo que nos faz pensar ou para o que nos sensibiliza. O ser humano necessita de um tempo de assimilação da ausência, um período de luto que deverá ocorrer sempre que há uma falta (mesmo que não seja relacionada com a morte de alguém próximo, como é o caso do filme). É a velha história de que o tempo é o melhor remédio para a dor. Pode ser difícil de compreender para quem nunca o experimentou, mas é uma das mais puras verdades do mundo. Mas se esse tempo é necessário, também é necessário reaprender a viver, reaprender a amar e por vezes é necessário um “puxão de orelhas” de alguém para que nos lembremos e voltemos a respirar. É necessário dar oportunidade à vida para que esta desponte.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Retrato, C. Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?

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Cecília Meireles por Arpad Szénes

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Análise Correcta

Gostamos de saber que a nossa capacidade de análise não está errada. O que por vezes é triste, porque que a verdade que vemos não é o que desejaríamos ver.
E às vezes gostaríamos de nos enganar na apreciação.
Vive-se o que se vive. Sente-se o que se sente. E é assim que as coisas são. Não adianta reler páginas passadas. A página que se escreveu não foi mal escrita. Teve direito a ponto de final de capítulo. Foi.
Há personagens que não merecem que se gaste mais tinta de caneta.

sábado, fevereiro 11, 2006

Conversar

Quando conversamos com alguém descobrimos mundos que quase nem desconfiávamos existir. Não mundos planetários mas mundos pessoais de tempos que já não voltam. Realidades que nos são alheias. Circunstâncias que a nossa juventude assume erradamente demasiado longínquas para que os seus intervenientes se misturem ainda na nossa vivência. Porque o nosso mundo é tão pequeno, tão limitado à nossa experiência que parecemos imunes à sua origem.
Gosto de conversar, de perceber essas realidades. E sinto por vezes essa desconfortante sensação de encontrar as minhas limitações. Porque dou o meu mundo como tão adquirido que nem concebo outros tão diferentes do meu.
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Conversa, Rosa Prado

Sabedorias

Fui-me aprendendo ao longo dos anos, e sobre isso escrevendo.
O. T. Almeida

Só é dizível o trágico. Não há uma literatura da felicidade. O que é trágico é que tem relevo, é o que produz sombras, é o que recebe luz, é o que gera contrastes e é o que fascina.
Rui Nunes

É necessária muita cautela para se chegar a alguma verdade quando se trata de actos humnaos.
Sérgio Sant’anna

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Mãe, afinal encontrei as palavras ...

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Realmente, só podia...

You Are Most Like Miranda!

While you've had your fair share of romance, men don't come first
Guys are a distant third to your friends and career.
And this independence *is* attractive to some men, in measured doses.
Remember that if you imagine the best outcome, it might just happen.

Romantic prediction: Someone from your past is waiting to reconnect...

But you'll have to think of him differently, if you want things to work.


Esta parte do passado é que não estou a ver nada.

CV Europeu

Isto de adaptar o nosso CV ao modelo europeu tem alguns quês.

sábado, fevereiro 04, 2006

Sempre quis...

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Sempre quis que o meu filho nascesse fruto de um grande amor. Mas apenas sei que não me deixei amar. Apenas iniciei uma pequena fresta nessa comporta a que chamamos amor. Mas não cheguei a abri-la. Quando te tive nos meus braços olhei-te, mirei-te, tentei ver a tua alma para saber se também nela via essa pequena fresta. Mas não vi e a fresta novamente se fechou.
Lamento. Pensei que sim, que talvez … talvez algo agora crescesse e que a seu tempo o meu amor desse fruto. Parece que tenho ainda de fazer nova tentativa.

Agualusa

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- Enquanto ouvinte, da mesma forma que enquanto leitor, a verdade não me interessa muito: interessa-me o enredo, interessa-me o estilo, e nessa perspectiva Sepúlveda é, talvez, o melhor contador de histórias que já conheci.
- Resta-me uma outra solução: falar do único aspecto da minha vida pública que pode ter alguma relevância – a vida de umas poucas pessoas, essas sim extraordinárias, que fui encontrando ao longo do meu caminho, e que, em certos casos, o alteraram por completo.
in JL 922

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Amos Oz

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- … a sabedoria é a força dos fracos.
- Feliz? A felicidade é um conceito estrangeiro aqui.
- … a única forma de manter um sonho intacto é não o realizar. A partir do momento em que é realizado, saberá a desapontamento. Isso é verdade ao construir uma nação, escrever um romance, viver uma fantasia sexual, plantar um jardim.
- A criatividade não é uma espécie de museu petrificado onde se anda em bicos de pés e sussurra. É um debate ao ar livre onde toda a gente discute.
- Limita-me, porque (a palavra) ficção significa mentira. A mentira é algo que se ria para repelir a verdade, e o que escrevo é a minha forma de chegar à verdade que está além dos factos.
- Amo o deserto, é parte de mim. Põe tudo na sua proporção. Incluindo a minha existência. Sei que sou um punhado de poeira.

in Pública 504