quinta-feira, fevereiro 23, 2006
sábado, fevereiro 18, 2006
Match Point
Já tanto se disse e já tanto se escreveu sobre o último Allen que este post não vai trazer nada de novo (se é que os meus posts alguma vez o trazem). Uns dizem que é o melhor filme do realizador da última década, outros que é o menos parecido: ou porque falta Manhattan como pano de fundo ou porque falta qualquer outro complexo mais ou menos edipiano.
O que MP tem de bom é a quase ausência de realização, quase porque é tão discreta quanto a história que relata é simples e é esta que sobressai. Não há efeitos especiais relevantes, não há uma fotografia excepcionalmente bela ou rebuscada, há sim uma eficácia de imagem em prol da história e das personagens.
O argumento é simples como já disse, escorreito, sempre coerente com a tese (a vida é uma jogo e como em qualquer jogo, para se ter sucesso é preciso ter sorte) que defende, o que o torna bastante irónico. E esta sim é uma característica profundamente alleniana. E a tese? Só isso daria para vários posts.
Mas nem tudo são rosas neste filme. A interpretação de Rhys-Meyers deixa muito a desejar e está mais para cabotino, do que outra coisa, e a passagem do tempo só é transmitida pelos diálogos, de resto, nada nos indica que se passam meses ou anos.
O que MP tem de bom é a quase ausência de realização, quase porque é tão discreta quanto a história que relata é simples e é esta que sobressai. Não há efeitos especiais relevantes, não há uma fotografia excepcionalmente bela ou rebuscada, há sim uma eficácia de imagem em prol da história e das personagens.
O argumento é simples como já disse, escorreito, sempre coerente com a tese (a vida é uma jogo e como em qualquer jogo, para se ter sucesso é preciso ter sorte) que defende, o que o torna bastante irónico. E esta sim é uma característica profundamente alleniana. E a tese? Só isso daria para vários posts.
Mas nem tudo são rosas neste filme. A interpretação de Rhys-Meyers deixa muito a desejar e está mais para cabotino, do que outra coisa, e a passagem do tempo só é transmitida pelos diálogos, de resto, nada nos indica que se passam meses ou anos.
Este é daqueles filmes que se adora aos 15 e quando se revê aos 30 se diz: credo, é tão mauzinho. Talvez porque é um filme para adolescentes somente. Aos quinze anos a história de uma jovem amiga do seu amigo que adquire confiança em si através da música e da dança faz sentido. É uma altura em que andamos ainda à procura do que somos e tudo o que nos faça confiar em nós é bem-vindo. E quase todas as mulheres passaram na sua adolescência pela fase Baby.
Aos trinta, quando em principio essa confiança já está cimentada, olhamos para o filme e vemos as suas fraquezas. O argumento inócuo, as interpretações mais que medianas, a realização fraquinha, com microfones a aparecerem em vários locais, etc.
O bom? A banda sonora. Essa sim continua a valer a pena para um bom pé de dança. ;)
Aos trinta, quando em principio essa confiança já está cimentada, olhamos para o filme e vemos as suas fraquezas. O argumento inócuo, as interpretações mais que medianas, a realização fraquinha, com microfones a aparecerem em vários locais, etc.
O bom? A banda sonora. Essa sim continua a valer a pena para um bom pé de dança. ;)
Olhos de Anjo
Gosto deste filme pelo que nos faz pensar ou para o que nos sensibiliza. O ser humano necessita de um tempo de assimilação da ausência, um período de luto que deverá ocorrer sempre que há uma falta (mesmo que não seja relacionada com a morte de alguém próximo, como é o caso do filme). É a velha história de que o tempo é o melhor remédio para a dor. Pode ser difícil de compreender para quem nunca o experimentou, mas é uma das mais puras verdades do mundo. Mas se esse tempo é necessário, também é necessário reaprender a viver, reaprender a amar e por vezes é necessário um “puxão de orelhas” de alguém para que nos lembremos e voltemos a respirar. É necessário dar oportunidade à vida para que esta desponte.
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Retrato, C. Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
Cecília Meireles por Arpad Szénes
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Análise Correcta
Gostamos de saber que a nossa capacidade de análise não está errada. O que por vezes é triste, porque que a verdade que vemos não é o que desejaríamos ver.
E às vezes gostaríamos de nos enganar na apreciação.
Vive-se o que se vive. Sente-se o que se sente. E é assim que as coisas são. Não adianta reler páginas passadas. A página que se escreveu não foi mal escrita. Teve direito a ponto de final de capítulo. Foi.
Há personagens que não merecem que se gaste mais tinta de caneta.
E às vezes gostaríamos de nos enganar na apreciação.
Vive-se o que se vive. Sente-se o que se sente. E é assim que as coisas são. Não adianta reler páginas passadas. A página que se escreveu não foi mal escrita. Teve direito a ponto de final de capítulo. Foi.
Há personagens que não merecem que se gaste mais tinta de caneta.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Pois é!
Quando as coisas parecem boas de mais para ser verdade é porque têm uma factura bem elevada reservada para o final.
sábado, fevereiro 11, 2006
Conversar
Quando conversamos com alguém descobrimos mundos que quase nem desconfiávamos existir. Não mundos planetários mas mundos pessoais de tempos que já não voltam. Realidades que nos são alheias. Circunstâncias que a nossa juventude assume erradamente demasiado longínquas para que os seus intervenientes se misturem ainda na nossa vivência. Porque o nosso mundo é tão pequeno, tão limitado à nossa experiência que parecemos imunes à sua origem.
Gosto de conversar, de perceber essas realidades. E sinto por vezes essa desconfortante sensação de encontrar as minhas limitações. Porque dou o meu mundo como tão adquirido que nem concebo outros tão diferentes do meu.
Gosto de conversar, de perceber essas realidades. E sinto por vezes essa desconfortante sensação de encontrar as minhas limitações. Porque dou o meu mundo como tão adquirido que nem concebo outros tão diferentes do meu.
Conversa, Rosa Prado
Sabedorias
Fui-me aprendendo ao longo dos anos, e sobre isso escrevendo.
O. T. Almeida
Só é dizível o trágico. Não há uma literatura da felicidade. O que é trágico é que tem relevo, é o que produz sombras, é o que recebe luz, é o que gera contrastes e é o que fascina.
Rui Nunes
É necessária muita cautela para se chegar a alguma verdade quando se trata de actos humnaos.
Sérgio Sant’anna
O. T. Almeida
Só é dizível o trágico. Não há uma literatura da felicidade. O que é trágico é que tem relevo, é o que produz sombras, é o que recebe luz, é o que gera contrastes e é o que fascina.
Rui Nunes
É necessária muita cautela para se chegar a alguma verdade quando se trata de actos humnaos.
Sérgio Sant’anna
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
Mãe, afinal encontrei as palavras ...
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Realmente, só podia...
You Are Most Like Miranda! |
While you've had your fair share of romance, men don't come first Guys are a distant third to your friends and career. And this independence *is* attractive to some men, in measured doses. Remember that if you imagine the best outcome, it might just happen. Romantic prediction: Someone from your past is waiting to reconnect... But you'll have to think of him differently, if you want things to work. |
Esta parte do passado é que não estou a ver nada.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Homem-Aranha??????????
Your Famous Movie Kiss is from Spiderman |
"I have always been standing in your doorway. Isn't it about time somebody saved your life?" |
sábado, fevereiro 04, 2006
Sempre quis...
Sempre quis que o meu filho nascesse fruto de um grande amor. Mas apenas sei que não me deixei amar. Apenas iniciei uma pequena fresta nessa comporta a que chamamos amor. Mas não cheguei a abri-la. Quando te tive nos meus braços olhei-te, mirei-te, tentei ver a tua alma para saber se também nela via essa pequena fresta. Mas não vi e a fresta novamente se fechou.
Lamento. Pensei que sim, que talvez … talvez algo agora crescesse e que a seu tempo o meu amor desse fruto. Parece que tenho ainda de fazer nova tentativa.
Lamento. Pensei que sim, que talvez … talvez algo agora crescesse e que a seu tempo o meu amor desse fruto. Parece que tenho ainda de fazer nova tentativa.
Agualusa
- Enquanto ouvinte, da mesma forma que enquanto leitor, a verdade não me interessa muito: interessa-me o enredo, interessa-me o estilo, e nessa perspectiva Sepúlveda é, talvez, o melhor contador de histórias que já conheci.
- Resta-me uma outra solução: falar do único aspecto da minha vida pública que pode ter alguma relevância – a vida de umas poucas pessoas, essas sim extraordinárias, que fui encontrando ao longo do meu caminho, e que, em certos casos, o alteraram por completo.
- Resta-me uma outra solução: falar do único aspecto da minha vida pública que pode ter alguma relevância – a vida de umas poucas pessoas, essas sim extraordinárias, que fui encontrando ao longo do meu caminho, e que, em certos casos, o alteraram por completo.
in JL 922
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
Amos Oz
- … a sabedoria é a força dos fracos.
- Feliz? A felicidade é um conceito estrangeiro aqui.
- … a única forma de manter um sonho intacto é não o realizar. A partir do momento em que é realizado, saberá a desapontamento. Isso é verdade ao construir uma nação, escrever um romance, viver uma fantasia sexual, plantar um jardim.
- A criatividade não é uma espécie de museu petrificado onde se anda em bicos de pés e sussurra. É um debate ao ar livre onde toda a gente discute.
- Limita-me, porque (a palavra) ficção significa mentira. A mentira é algo que se ria para repelir a verdade, e o que escrevo é a minha forma de chegar à verdade que está além dos factos.
- Amo o deserto, é parte de mim. Põe tudo na sua proporção. Incluindo a minha existência. Sei que sou um punhado de poeira.
- Feliz? A felicidade é um conceito estrangeiro aqui.
- … a única forma de manter um sonho intacto é não o realizar. A partir do momento em que é realizado, saberá a desapontamento. Isso é verdade ao construir uma nação, escrever um romance, viver uma fantasia sexual, plantar um jardim.
- A criatividade não é uma espécie de museu petrificado onde se anda em bicos de pés e sussurra. É um debate ao ar livre onde toda a gente discute.
- Limita-me, porque (a palavra) ficção significa mentira. A mentira é algo que se ria para repelir a verdade, e o que escrevo é a minha forma de chegar à verdade que está além dos factos.
- Amo o deserto, é parte de mim. Põe tudo na sua proporção. Incluindo a minha existência. Sei que sou um punhado de poeira.
in Pública 504
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