sábado, outubro 29, 2005

Cromoterapia

E a minha cor é:
DOURADO
Sabe muito bem o que está bem e o que está mal.
É uma pessoa alegre mas de difícil trato.
É para si difícil encontrar quem procura, mas assim que isso acontece não vai conseguir apaixonar-se outra vez durante muito tempo.
Obs. Dourado? Ai as ironias da vida. Agora vamos lá ver: 1ª) realmente tenho uma noção muito interiorizada de bem e de mal; 2ª) alegre, sim; 3ª) trato díficil? acho que não, mas é verdade que não tenho paciência para certas coisa; 4ª) completamente.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Nélida Piñon

- Para mim, a Literatura é arte narrativa, essa arte tão ilusória e tão necessária, em que tenho uma grande crença: a narrativa é um traço civilizatório. Sem ela, talvez não soubéssemos contar a nossa própria história.
- Sou, como todos nós, uma pessoa múltipla.
- Somos seres demasiado ambíguos para sermos tratados com platitude.
- É importante ter a coragem de quebrar as minhas formas anteriores, os meus moldes.
- Os prémios facilitam-me a “vida prática”, mas tenho a total consciência de que não escreveram os meus livros.
- (…) sou uma mulher de sorte nos afectos. É o meu património.
In JL#915

quinta-feira, outubro 27, 2005

Estrela da Tarde, Ary dos Santos

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

E eu com medo de estar a abusar…

Serpente – Quando Quiseres, eu tiro-te Cds da Net, é só dizeres quais queres.
Eu – Ok, Obrigada.

Eu –
Olha, sabes aquela tua oferta de tirar os Cds da net ainda está de pé? É que eu fiz uma lista, mas isto se calhar são Cds a mais? Tiras só o que puderes.
Serpente – Mas quantos são?
Eu – Uns 25…
Serpente – Não te preocupes, já me entregaram uma lista de mais de 100!

sábado, outubro 22, 2005

Lygia Fagundes Telles

- O ser humano é complicado, é tão enleado nos fios, é tão impossível de ser aberto, de ser decifrado. É um mistério intransponível.
- O problema é eterno. A solidão, a vontade de amor, a vontade da realização, a busca. O ser humano buscando outro ser. (…) É isto. É uma busca, uma esperança, um desespero, a vontade de estender a mão para o próximo e o próximo nega a mão. Onde é que está o próximo? Esse problema é eterno: o ser humano buscando o seu outro.
- É tão lindo quando você olha para o espelho e coincide a cara que tem no espelho e a própria cara. É um milagre. No momento em que você aceitar a sua face, sem cílios postiços, você está feliz, aceita a morte.
- Nós queremos nos iludir, apesar das loucuras deste mundo.
in Mil Folhas 21/10/05

quinta-feira, outubro 20, 2005

Cântico Negro, J. Régio

(…)
não, não vou por aí! Só vou por onde
me levam meus próprios passos…
(…)
eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
(…)
ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
Uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
sei que não vou por aí!

Onde estão...

Às vezes há tanto para que poderíamos contar, que não se sabe por onde começar. Pelo início é sempre uma hipótese, mas onde é que o encontramos? Onde estão as pontas das histórias que se interligam na nossa vida? Muito, muito longe por vezes.

terça-feira, outubro 18, 2005

Morde-me

Morde-me os lábios
Até o sangue aflorar
Talvez assim sinta que viva

Desconhecida

sou filha de mãe e filha de pai
e não sou a mesma filha
sou isto e sou aquilo
e não sou a mesma
em tudo e para todos
tenho amizades e amizades
nem todos me têm do mesmo modo
nem sempre sou como devia
têm-me no momento
mas nem sempre

sou de vários conhecida
enfim desconhecida

sábado, outubro 15, 2005

JL #914

- (…) a juventude acaba no momento em que constatamos que somos mortais.
- Deverei morrer, se tudo correr bem, dentro de no máximo 20 anos. Antes disso, serei, como talvez já tenha ficado, um pré-defunto chato e reaccionário, de díficil convivência e rarefeita civilidade.
J. Ubaldo Ribeiro
Porque Setembro
tem este lacre selando cartas de
saudades
em Outubro.
A. Silva Roque

Dicionário Pessoal I

empatia - de em + Gr. páthos, estado de alma; s. f.; capacidade psicológica para se identificar com o eu de outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas.

possidónio - de Possidónio, n. pr.; 1) s. m.; designação dada ao político provinciano e ingénuo que via a salvação da Pátria no corte radical de todas as despesas públicas; 2) adj.; pretensioso, vulgar, convencional.

quarta-feira, outubro 12, 2005

T. S. Eliot

O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstracção
Que fica uma possibilidade perpétua
Somente num mundo de especulação
(…)
o tempo passado e o tempo futuro
o que poderia ter sido e o que foi
apontam para um só fim, sempre presente.

A casa é onde se começa. À medida que envelhecemos
O mundo fica mais estranho, o padrão mais complicado
De mortos e de vivos. Não o momento intenso
Isolado, sem antes nem depois,
Mas uma vida inteira a arder em cada momento
E não a vida inteira de apenas um homem
Mas de velhas pedras que não podem ser decifradas
(…)
no meu fim está o meu começo.

sábado, outubro 08, 2005

Sabedorias

Nothing in all the world is more dangerous than sincere ignorance and conscientious stupidity.
Martin Luther King

Tudo na vida é um problema de pessoas.
Simone de Oliveira

O filósofo não é sábio, está dois pontos afastado da sabedoria.
M. F. Molder

incompletitude

quis-me poeta
mas sinto-me incompleto
não dessa incompletitude que faz os poetas
mas desta que me faz ser quase homem
mas que me deixa sempre quase
e nunca lá
onde os homens se reconhecem
os poetas nascem
as palavras afloram
os mitos crescem
sou um quase
quase homem quase mulher
quase nada mesmo.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Um exemplo do meu fascinio

Este mail andou a circular por ai. Adorei!
São subtilezas como as abaixo descritas que me fascinam na utilização da linguagem.


PARA TREINO DE LÍNGUAS
Trabalho de tradução para inglês em período de férias:
Três bruxas olham para três relógios swatch. Qual bruxa olha para qual relógio swatch?

E em inglês:
Three witches watch three Swatch watches. Which witch watch which Swatch watch?

Agora para especialistas:
Três bruxas suecas e transsexuais olham para os botões de três relogios swatch suíssos. Qual bruxa sueca transsexual olha para qual botão de qual relogio swatch suísso?

E em inglês:
Three Swedisch switched witches watch three Swiss Swatch watch switches.Which Swedisch switched witch watch which Swiss Swatch watch switch?

CONSEGUIRAM LER??????
POIS É........... POIS É...........

quinta-feira, outubro 06, 2005

De Música Popular

Potencialmente, toda a música é popular – se não o é hoje, é provável que o seja amanhã. Imagina que daqui a 100 anos anda tudo de gravador na mão, a tentar descobrir alguém que ainda toque jazz. A música popular vem do povo: há o povo da cidade e o povo do campo. Eu faço lá a mínima ideia se um pastor ou uma pastora não serão os líderes intelectuais da região onde vivem… É este romance que nos cativa.
Nuno Rodrigues, Banda do Casaco, entrevista no JL#98

Considerações Musicais

Wake me up when September ends
Deixa-me com um aperto no peito. Faz-me recordar uma adolescência e uma perda de inocência que não foi a minha. Serão estas sensações que fazem as great songs?

So beautiful
Porque será que julgo ser sempre Maroon 5 e só a meio da música me lembro que não.


Traduções musicais + Lindas
- Gelo, gelo, bebé, gelo
- Anda cá gaja, anda cá gaja, és a minha borboleta, açúcar
- És a minha parede maravilha!
- Paizinho fresco, paizinho fresco!
- Mãe Maria, vem a mim

Lembram-se?

sábado, outubro 01, 2005

Kazuo Ishiguro

- Como é que encaramos o facto de sabermos que vamos morrer? Quais são as coisas realmente importantes enquanto estamos vivos?
- (…) as pessoas são chocantemente capazes de explorar outras coisas. (…9 desde que isso esteja bem longe dos olhares, parecemos absolutamente dispostos a faze-lo.
- Será que o amor e a arte fazem realmente a diferença?
- Acho que estas coisas podem ser uma ilusão, mas, mesmo que o sejam, dão significado à nossas vida. As ilusões são importantes, exactamente como as memórias. Fica-nos o que recordamos de pessoas que perdemos, por exemplo.
- Enquanto crianças, a informação que recebemos é gerida ao ponto de realmente não percebermos muito, ou mesmo a maior parte do que se passa à frente dos nossos olhos. Crescemos a saber e a não saber.
- (…) com a clonagem não tememos a aniquilação, tememos uma profunda redefinição do que é um ser humano, tememos um realinhamento profundo da ordem social, acho que tememos tornar-nos uma subespécie, porque um novo tipo de humano será “melhor”.
- Há só uma coisa em comum entre estes dois medos: o receio de que, uma vez aberta a caixa, ela não se volte a fechar. Há o medo de que não seja possível voltar a trás e pôr tudo outra vez lá para dentro – e é tão fácil abrir a caixa.
- É um artifício muito útil para pensar no que significa ser humano.
- Eu sou daqueles que acham que as perguntam que nos vamos fazendo na literatura são praticamente imutáveis.
in Mil Folhas 04/09/05

Relativa importância

Os objectos e as pessoas têm a importância que lhes damos. Tal como diz o provérbio “beauty is in the eye of the beholder”, temos de ser nós a dar importância aos demais. Mas não o conseguimos fazer. Por isso não conseguimos compreender sofrimentos alheios, por isso as notícias que nos chegam de catástrofes distantes são exactamente isso: notícias de catástrofes distantes. Com tantas imagens banalizadas já por outras ficções, parece-nos somente outra inevitabilidade a que muito dificilmente estaremos sujeitos. Só vemos as imagens. Não percebemos os cheiros, não transpomos para nós uma possível perda, não vemos mais além. O nosso planeta é feito de muitos mundos e o nosso é somente este que nos rodeia numa proximidade relativa.

Será que o amor e arte fazem realmente diferença?

Não conheço muito das artes do amor-paixão, amor homem-mulher, apenas sei talvez o que concebo e idealizo e que nem sempre se viabiliza com a realidade. Conheço outros amores, outras afeições, outras paixões. Sim, fazem diferença.
Da arte sigo fios de vida ficcionais. Quer em filas de letras que se sucedem quer em imagens , alimento-me dessas vidas, tentando talvez transportar para a minha as lições que me são compreensíveis. Somos vampiros, todos os que se deixam seduzir pelas artes das artes são vampiros sedentos de uma nova vida, de uma nova perspectiva, de uma nova esperança. Incorpora-se dentro de nós a busca e não se perde o fascínio pela demanda. Sim, faz diferença.