sábado, maio 14, 2005

Voo na Noite, Saint-Exupéry

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· As colinas cavavam já a sua esteira de sombra no ouro do entardecer.
· … as misérias de um homem fazem também parte da sua riqueza…
· Apercebeu-se de que tinha sido, a pouco e pouco, impelido para a velhice, para o “quando tivesse tempo” que torna doce a vida dos homens. Como se, na realidade, pudéssemos ter tempo, um dia, como se ganhássemos, ao fim da vida, esta paz bem-aventurada que imaginamos. Mas não existe paz. Talvez não exista vitória.
· Há em todas as multidões homens que não distinguimos, e que são mensageiros prodigiosos. E sem eles próprios terem consciência disso.
· O regulamento é semelhante aos ritos de uma religião, parecem absurdos, mas formam os homens.
· … ele não pensa nada, isso faz com que não pense disparates.
· … se isso o impede de dormir, vai estimular a sua actividade.
· Ame aqueles que comanda. Mas sem lhes dizer nada.
· … saiu para enganar a espera, e a noite mostrou-se vazia como um teatro sem actor.
· Não sei se o que fiz está certo. Não sei o valor exacto da vida humana, nem da justiça, nem do desgosto. Não conheço o valor exacto da alegria de um homem. Nem de uma mão que treme. Nem da piedade, nem da doçura…
· Pensava em tudo o que era preciso rejeitar para conquistar.
· … é apenas do mistério que se tem medo.
· Tudo o que é vivo remexe tudo para viver, e cria, para viver, as suas próprias leis.
· É a experiência que produz as leis.
· Os revezes fortificam os fortes. Infelizmente, contra os homens jogamos um jogo onde conta tão pouco o verdadeiro sentido das coisas. Ganha-se ou perde-se segundo as aparências, marcam-se pontos miseráveis. E damos por nós atados de pés e mãos por uma aparência de derrota.
· … se a vida humana não tem preço, agimos sempre como se qualquer coisa ultrapassasse, em valor, a vida humana… mas o quê?
· O que perseguem em vocês mesmos morre.
· Não há fatalidade exterior. Mas há uma fatalidade interior: aparece no momento em que nos sentimos vulneráveis; então os erros atraem-nos como um desvario.
· Revelava aos homens o mundo sagrado da felicidade. Revelava que matéria sagrada tocamos, sem o sabermos, quando agimos. Revelava que paz, sem o sabermos, destruímos.
· Nós não pedimos para ser ternos, mas para não vermos os actos e as coisas a perderem de repente o significado.… sente a calma que apenas permitem os grandes desastres, quando a fatalidade liberta o homem.

quinta-feira, maio 12, 2005

Sete anos

Em Junho, perfazem sete anos sobre a conclusão do meu curso. Às vezes parece que foi ontem, mas a verdade é que já foi no século passado. Foram quatro anos em que aprendi muito, não tudo, mas muito.
A verdade é que quando acabei o meu curso (Línguas e Literaturas Modernas – Português / Inglês) sabia muito pouco sobre a vida quotidiana e as suas necessidades. Senti dificuldades por não ter aprendido coisas bastantes práticas necessárias ao mundo do trabalho. Aprendi-as, muitas vezes pelo erro, mas, como todas as outras, também é uma forma de aprendizagem.
Na altura, a minha opção foi não dar aulas - o caminho natural para quem faz este curso. Não me sentia preparada emocionalmente para enfrentar turmas. Não tinha experiência nem segurança que me fizessem pensar que poderia ensinar algo aos meus possíveis alunos. Poderiam ensinar-lhes matéria, mas não lhes poderia ensinar mais nada, porque não tinha vivenciado uma série de coisas. E como sempre acreditei que ser professor é mais do que debitar matéria, enveredei por outro caminho.
Por vezes perguntam-me porque é que não fui dar aulas e para o que serve o meu curso no meu actual trabalho, que uso é que faço dele? O mais engraçado é que lhe dou mais uso do que as pessoas à primeira vista pensam. O facto de escrever português de um modo minimamente correcto ajuda-me a cada momento. É-me por vezes conferida a escrita de documentos e mesmo que não seja eu a escreve-los, sou frequentemente solicitada para fazer revisões ou tirar dúvidas.
Mas, mais do que isso, a literatura ensinou-me a conhecer pessoas. Digo muitas vezes que não fiz psicologia, mas que quase a podia exercer. Tentar perceber os meandros das personagens ensinou-me a observar as pessoas e a tentar percebe-las não somente pelas suas palavras, mas sobretudo pelos seus gestos e acções. E os gestos e acções dizem por vezes mais do que as palavras.
Não compreendo tudo sobre as pessoas com quem convivo, mas consigo percebe-las suficientemente para respeitar a sua postura. Assim, consigo manter uma relação afável com quem me rodeia. Posso gostar mais desta ou outra pessoa, mas não me dou mal com ninguém. Se necessário, afasto-me. Creio que sou uma boa ouvinte, tento perceber várias perspectivas de uma mesma situação, talvez por isso os amigos gostem de saber a minha opinião. Mesmo que não tenha uma inteiramente formada consigo alerta-los para o facto de que a perspectiva deles não é a única e que nem a deles nem a dos outros é errada. São apenas diferentes. Acho até que consigo ser demasiado racional em muitos aspectos.
Sobretudo, o que a faculdade me deu foi um alargamento dos meus horizontes. Ensinou-me a pensar e instigou-me a querer ir mais além do que por vezes é pedido. Aprendi que é sempre bom aprender. Tento sempre aprender algo.
Pode não parecer, mas sinto-me uma pessoa mais rica.

terça-feira, maio 10, 2005

Wicked Games, C. Isaak

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The world was on fire
No one could save me but you.
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you

No, I don't want to fall in love
[This world is only gonna break your heart]
No, I don't want to fall in love
[This world is only gonna break your heart]
With you
With you
[This world is only gonna break your heart]

What a wicked game you play
To make me feel this way
What a wicked thing to do
To let me dream of you
What a wicked thing to say
You never felt this way
What a wicked thing to do
To make me dream of you
And I don't wanna fall in love
[This world is only gonna break your heart]
No I don't want to fall in love
[This world is only gonna break your heart]
With you

{World} was on fire
No one could save me but you
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
I never dreamed that I'd lose somebody like you

No I don't wanna fall in love
[This world is only gonna break your heart
No I don't wanna fall in love
[This world is only gonna break your heart]
With you
[This world is only gonna break your heart]
With you
[This world is only gonna break your heart]

No I
[This world is only gonna break your heart]
[This world is only gonna break your heart]

Nobody loves no one

sexta-feira, maio 06, 2005

Xadrez, Truco e outras guerras (II), J. R. Torero

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- O país está contente, mas ainda não contentado.
- A glória só se alimenta de mais glória e raro é aquele que se contenta com o vinagre da obscuridade depois de provar o vinho da fama. Iras e guerras nascem, também, da vaidade.
- Se não fosse a ambição, meu caros, não existiriam as guerras.
- Naquela hora em que a noite ainda lutava com o dia.
- … que isto foi no tempo dos milagres, quando Deus ainda era jovem e gostava de fazer seus truques e exibir suas mágicas.
- … se a mente nos leva ao pecado, também nos ergue ao céu, deixando-nos sempre quites com a consciência.
- Os homens sabiam que o pagamento de tal generosidade poderia ser o reino dos céus, mas desistiram do prêmio quando perceberam que havia risco de lá chegar mais cedo.
- Há palavras que não precisam ser ditas, capítulos que não precisam ser escritos.
- As guerras ganham-se com dinheiro, os empréstimos pagam-se com tempo.
- Um trono não tem preço. / Tem, mas outros é que o pagam.
- É menor uma dor se pensarmos que o que acaba é uma comédia e não uma tragédia.
- A ira é sempre mais forte por quem está mais perto de nós.
- Se nos contentarmos em ser quem somos, nunca seremos o que poderíamos ser.
- Amor também se aprende.
- É bom dizer palavras finais inspiradas, deixando para a posteridade uma ponta de inteligência, nobreza ou sabedoria.
- Não há maior prazer do que satisfazer a ira.
- A vitória tem muitas mães, mas a derrota é sempre órfã.
- Ser derrotado por um subalterno é sempre uma dupla derrota. Já a derrota para um superior é quase um empate, e um empate é quase uma vitória.
- Uma guerra se faz por cobiça, por gula, por soberba, por inveja, por preguiça e até por luxúria, como a de Tróia, mas nunca por ira. A ira é coisa para soldados, não para comandantes.
- … quem ouve essas palavras não quer saber de originalidade, mas de ser amado.
- Se conquistar é difícil, manter a conquista não é fácil.
- Os discursos, tortura que a humanidade inexplicavelmente conserva.
- Viu seu desespero quando percebeu que a morte ia chegar, desespero diante do inevitável, sentimento que, fôssemos regidos somente pela razão, não teríamos, pois se o inevitável é inevitável, de que adianta temê-lo?
- Há tiros que, sem ser de misericórdia, são misericordiosos e nos livram da agonia.
- Quando se deixa de viver passa-se a viver na memória dos outros.

quinta-feira, maio 05, 2005

Ópera do Malandro

Comentário tardio: Fui ver e adorei.
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TERESINHA
O primeiro me chegou
Como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia
Trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio
Me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada
Que tocou meu coração
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse não

O segundo me chegou
Como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta
Me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada
Que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração

14 Days to the Fall

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quarta-feira, maio 04, 2005

xXx 2

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O primeiro era branco e era dado a radicalidades desportivas. O segundo é negro e é dado a radicalidades urbanas. O monocordismo vocal, esse é em tudo semelhante.
Ora bem XXX2 é puro entretenimento e visualmente bem conseguido, embora o argumento tenha várias fraquezas e nenhuma surpresa. O que é que este filme parece? Uma mistura de: James Bond e MTV – Pimp My Ride, tudo passado em Tapada City.
Agora só falta saber quem será XXX3. Será o Frota?

3ª Série

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Já começou a terceira série episódios de uma das melhores produções de televisão de sempre.
Vejam...

terça-feira, maio 03, 2005

Xadrez, Truco e outras guerras, J. R. Torero

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- A ira é um sentimento divino. Deus não mandaria dilúvio, fogo e pestes se não tivesse um bom tanto de ira dentro de si.
- Que seria da vida se não pudéssemos fazer hoje o que fizemos ontem?
- Não é fácil divertir um monarca. Desde pequenos têm tudo e cedo lhes vem o tédio.
- A ira dá-nos agonia quando está presa e alívio quando a libertamos.
- Iria à guerra,. Não por ira aos invasores, mas por amor ao poder.
- Raras vezes nos leva a ira a sábias decisões…
- Iria à guerra. Não por ira aos inimigos, mas por amor ao renome.
- Não iria à guerra por ira ao país vizinho, mas por cobiça de títulos.
- O humor deve ser coisa bem dosada, pois não adianta o termos muito se outros o têm nenhum.
- A ira é para o soldado o que o capim é para o jumento.
- Difícil é resumir os pensamentos e temores da véspera de uma batalha, pois onde há dez mil homens haverá dez mil modos de encarar aquilo que pode ter tantos nomes gloriosos, mas que é, em essência, ir ao encontro da morte.
- … santos, soldados e loucos, se é que vale gastar três palavras para definir três coisas assim tão semelhantes.
- Há uma ira pecaminosa e uma ira santa, uma ira odiosa e uma ira justa, uma ira do Diabo e uma ira de Deus.
- Emoções são preciosas na guerra e é preciso pôr os homens num estado de nervos que seja só nervos.
- Nem sempre se tem a sorte de enfrentar um adversário mais fraco.
- É melhor ser escarnecido sob o céu que louvado sob a terra.
- A morte pode vir por instrumentos diferentes, se bem que isso não faz muita diferença.
- A inveja é a mãe da ira, mas não a única, que a ira tem muitas mães, vários pais e não poucos tios.
- … não há limites para a imaginação de quem ama.
- Uma coisa é sonhar e outra o sonho tornar-se realidade.
- Chegou à conclusão de que a medalha seria melhor, pois, se preciso, ela poderia ser empenhada, sendo ao mesmo temo glória e lucro, lógica que mostra o erro dos que dizem que neste mundo a honra não vale nada.
- Então, duas lágrimas vieram até seus olhos: a da esquerda por ódio aos inimigos, a da direita, por pena dos mortos.

Acho que não gosto de grande coisa

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