quinta-feira, setembro 30, 2004

Pensamento

As Mulheres são como o nevoeiro...surgem do nada, obrigam a andar com atenção redobrada e desaparecem sem deixar rasto...
Os Homens são como a neve...nunca se sabe quando vão aparecer, quantos centímetros vão ter, e quanto tempo vão ficar...

Almost Blue, F. Young



Sirva-se de mais um drinque,
A felicidade não estará no gelo,
Mas quem sabe?
Aliás, quem sabe você não a
Encontra no próximo gole?
Lembre-se, também, de sorrir
Quando acenderem o teu cigarro
E de não deixar a chama iluminar
O descaso que você tem em viver.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Andei milhas e milhas

Andei milhas e milhas
Em busca de um amor
Para me sentir pleno.

Passei anos e anos
à espera de um amor
que me completasse.

Percorri terras e terras
À procura de um amor
Para me compreender.

Demorei uma eternidade
A perceber que um amor
Tem de se amar.
18-06-2004

Liberalização do Aborto?

A chegada do barco holandês à nossa costa pertencente à organização “Women on Waves” provocou um grande tumulto no nosso país, pelo menos a nível político e mediático. Se a proibição do governo português para que este entrasse em águas territoriais nacionais levantou muita fleuma, esta parece-me, no entanto, correcta. Digo isto porque, pelo menos de acordo com a actual lei vigente, é uma decisão coerente.
Mas é claro, que o mais importante não é o barco em si. O mais importante é a lei propriamente dita e se esta será a mais adequada. É complicado dizer. Não consigo dizer que sou a favor da liberalização aborto, mas também não consigo deixar de pensar que em certas talvez seja a melhor solução. Talvez não para o bebé, mas… Aliás não consigo deixar de pensar em qualquer das situações (sim/não) sem um grande “mas” a acompanhar.
No passado referendo, confesso que o meu voto foi “não”. Podem até criticar-me, mas foi o que achava na altura e na verdade continuo a pensar. Não me acho com direito a tirar a vida de ninguém, porque é de uma vida que se trata. Podem pensar então que eu seria incapaz de fazer um aborto. Mas a verdade é que, em determinadas circunstâncias, seria. Podem chamar-me hipócrita, porque talvez o seja, mas a verdade é que por vezes aquilo que pensamos e idealizamos não se coaduna muito com a realidade em que vivemos. E a realidade é por vezes muito cruel. E, actualmente, se se realizar um novo referendo, é provável que a minha resposta seja “sim”, apesar do peso que esse sim me possa trazer.
Claro que o ideal é que nunca alguma mulher se tivesse de ver confrontada com uma situação de aborto. Num mundo ideal não haveria mal formações de fetos, não haveria violações, não haveria pessoas inconscientes e inconsequentes relativamente à sua sexualidade, não haveria miséria, não haveria país que não amassem os seus filhos, não haveria… Mas não vivemos num mundo ideal e temos de nos adaptar a ele.
Talvez a liberalização do aborto não seja a melhor das soluções para o nosso mundo, mas se calhar… Não sei, realmente não sei…

sexta-feira, setembro 17, 2004

As pessoas dos Livros, F. Young

“Gosto de chuva, poupa lágrimas. Não, não é isso. Não lembro ao certo, e “ao certo” significa um mundo quando se trata de um verso.”
“… os enquantos são o quântico da literatura.”
“Aquele amor foi uma alga presa em meu biquini.”
“Um livro impresso deve ser respeitado por aquilo que é: a finalização de imensa dor, exaustão e generosidade.”
“Claro, todo mundo esquece mais ou menos das coisas que viveu, no momento em que um amor deixa de ser um grande amor. Quando um amor deixa de ser grande, ele não vira pequeno amor, vira pequeno estorvo.”
“Sentiu um cubo de gelo escorrer pelo meio do corpo – seria o prenúncio da morte? Um cubo de gelo?”

quarta-feira, setembro 15, 2004

Encerro em mim mais um capítulo...


Os estores a três quartos emprestam uma luminosidade ténue às paredes outrora brancas. As cortinas encardidas ameaçam desfazer-se ao mínimo toque, que nem sequer ouso. O pó de anos acumulado impede o reconhecimento da antiga familiaridade dos objectos. Olho e não reconheço neste o meu quarto de infância, perdido, algures, numa outra existência.
Permaneço sob a ombreira de um portal em que não há viagem de regresso à magia. Duvido mesmo que esta tenha existido em tempo algum. Tudo é tão distante. Redobro o esforço. Concentro-me. Mas perdi a ligação.
Percebo que não era ali que vivi anos que todos querem dourar. Está tudo tão vazio de vida, que nem a imaginação consegue florir.
Tento lembrar o momento preciso em que a alegria se esvaiu, mas não consigo fixa-lo na memória. Talvez nem tenha dado por ele – impossível de reconhecer, impossível de alcançar.
O relógio na parede há muito que parou de contar seja o que for e olhamo-nos imóveis: dois desconhecidos outrora íntimos e cúmplices.
Um último olhar em redor e fecho a porta. Encerro em mim mais um capítulo, rasgado e atirado a um canto onde ficará até ao seu fim.

sábado, setembro 11, 2004

As longas lágrimas derramadas

As longas lágrimas derramadas
em solidariedade se juntam
lamentando a má fortuna
dos homens inspirados
que ao enxergar mais longe
mais não vêem que a sua pequenez
tão doída e difícil de enfrentar.
29/10/2003

sexta-feira, setembro 10, 2004

Pessoa

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Letreiro, M. Torga

Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim – meu principal motivo
De insatisfação -,
Diante de qualquer adoração
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Ser Mejor, R. Williams

Llename la vida
Dame tranquilidad
Calma el temporal
Que hay en mi piel

Dame primaveras
Para disfrutar
Dias que se van
No han de volver

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Perdona mis manias
No doy para mas
No se aparentarS
oy como soy

Angel de la guarda
Ven y salvame
Salvame del mal
Ayudame

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Siempre hay en la vida (oportunidad)
Para amar mejor
No hay que amar de mas
Muchos an caido de tanto dar (de tanto dar)
Y de tanto amar

LLename la vida
Dame tranquilidad
Calma el temporal
Que hay en mi piel

Dame primaveras
Para disfrutar
Dias que se van
No han de volver

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Better man, R. Williams

Send someone to love me
I need to rest in arms
Keep me safe from harm
In pouring rain

Give me endless summer
Lord I fear the cold
Feel I'm getting old
Before my time

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doing all I can
To be a better man

Go easy on my conscience
'Cause it's not my fault
I know I've been told
To take the blame

Rest assured my angels
Will catch my tears
Walk me out of here
I'm in pain

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doing all I can
To be a better man

Once you've found that lover
You're homeward bound
Love is all around
Love is all around

I know some have fallen
On stony ground
But Love is all around

Send someone to love me
I need to rest in arms
Keep me safe from harm
In pouring rain

Give me endless summer
Lord I fear the cold
Feel I'm getting old
Before my time

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doin' all I can
To be a better man

Aldeia Nova, M. Fonseca

“Saem os homens para o trabalho ainda a manhã vem do outro lado do mundo.”
“… e sabe-se lá que noite escura é o passado dessa gente!”
“tudo lhe parece em miniatura. Tudo tal e qual, à parte um ou outro pormenor, mas inexplicavelmente diminuto em relação à recordação que lhe ficara. Decerto está errada a sua memória.”
“Bem vê que é o passado, o passado que enche a casa, desde os vestidos negros da avó até aos retratos suspensos das paredes. O passado que faz silêncio em todas as salas para melhor viver na quietude dos móveis, nos corredores escuros.”
“Na calma da noite o luar nasce quase lua cheia. Traz luminosidades e sombras como um sol já velhinho, amarelo, cansado e alumiar o mundo.”
“E, quando o presente é feio e o futuro incerto, o passado vem-nos sempre à ideia como o tempo em que fomos felizes.”