quinta-feira, maio 13, 2004

Amor, António Mega Ferreira

“… achava a utopia uma forma de vaidade pessoal,…”
“… o conhecimento do mundo devia servir-nos para compreender a razão das diferenças, …”
“… e as cores todas ficam em ti como tu ficas no mundo: exactamente.”
“… a indiferença vaga e casual com que um homem se refere a coisas passadas verdadeiramente importantes, …”
“às vezes, como náufragos, precisamos de nos agarrar a uma reminiscência banal, para evitarmos que tudo se dissolva na falsa enunciação da memória, na sua trágica encenação de efeitos sem correspondência com a realidade.”
“… morrer nem sequer é uma surpresa contingente, apenas uma circunstância: morremos aos poucos, pouco a pouco,…”
“… todo o amor é um acto de identificação e reconhecimento. Encontramos na pessoa amada, não um reflexo, o que seria pobre, mas uma ressonância da nossa própria alma.”
“E ter todo o tempo do mundo é que é amar.”
“Alguma coisa eu queria ter escrito aqui, abri a entrada, deixei-a assim dias a fio. O que se perdeu? O que ficou por dizer? A percepção desta ausência, a sensação de que algo desapareceu sem deixar rasto, dá-me a medida de tudo o que ficará por escrever, das coisas e dos dias, e das pessoas, e das ideias, e isso é uma dor e uma desolação. Era Inverno, devia estar frio, talvez chovesse. E é tudo.”
“… uma mulher atormentada pela sua própria incapacidade de gerar o drama que julgava ser necessário para alimentar a escrita?”
“… cheia unicamente de coisas singulares, destinadas apenas a serem conhecidas por um único ser e certamente inexplicáveis.”
“… entre o passado e o futuro, que é apenas a outra metade do que nunca há-de acontecer.”
“… porque se convencera que era preciso viver uma vida para poder escrevê-la. O seu romance, esse sim, é que talvez desse uma vida.”

Sem comentários: