sexta-feira, janeiro 30, 2004

O Ano Em Que Zumbi tomou o rio, Agualusa...

- Sabias que as palavras monstro, montra e o verbo mostrar, têm todas a mesma origem? Os monstros exercem a sua monstruosidade mostrando-se, exibindo-se nas montras. Os monstros servem ao estimado público como termo de comparação.
- O fumo, naquele espaço, parecia capturar e tornar ainda mais amargo o lume do crepúsculo.
- Lembro-me sempre do que dizia o meu avô: bate na tua mulher todos os dias. Tu podes não saber porque bates, mas ela há-de saber porque está a apanhar.
- o mito dos dragões era um fenómeno universal, ligado à passagem dos dinossaúrios pela terra: "Os mitos não são outra coisa senão a memória degenerada, corrompida pelo passar dos séculos, de acontecimentos muito antigos."
- "A lenda dos vampiros talvez tenha surgido na sequência de uma epidemia de raiva. Os doentes com raiva sofrem de fotofobia, evitam a luz, escondem-se na sombra. Além disso atacam de repente, mordem, e dessa forma transmitem o mal."
- Numa pesquisa realizada nos anos setenta, em todo o território brasileiro, pediu-se aos entrevistados para se definirem em termos de raça. As pessoas responderam com um total de cento e trinta e seis definições diferentes.
- (o riso dela parece água a bater na água).
- Os nomes resumem a essência das coisas.
- A elegância começa na palavra. É preciso saber falar para saber pensar.
- As pessoas pequenas, (…), são normalmente pacíficas. A violência, afinal, é um recurso dos fortes. Os anões alcançaram grande poder em algumas cortes europeias, na função de bobos, porque os monarcas não os temiam. Era improvável que um anão, um bobo, tentasse um regicídio. As pessoas pequenas desenvolvem a argúcia, tornam-se por força das circunstâncias capazes de dissimular ideias e sentimentos, adquirem por vezes talentos de camaleão e mesmo o dom excepcional da invisibilidade.
- Os governos totalitários receiam o riso tanto quanto aos vampiros horroriza a luz do Sol.
- (…) é sujando os pés, enfiando os pés na lama, que uma criança aprende a amar o seu país.
- As aranhas não comem as presas – bebem-nas. Elas injectam no corpo das vítimas um veneno paralisante. Produzem também enzimas capazes de liquefazer por completo os órgãos internos dos insectos que caem nas suas teias. Os fluidos resultantes são sugados e digeridos depois por um estômago poderoso. (…) Insectos têm seis patas. As aranhas possuem oito para e são aracnídeos, como os ácaros e os escorpiões.
- ... mas ninguém nos ensina a esquecer. Como alguém faz para esquecer? (…) nunca se esquecem as lições aprendidas na dor.

Since you went away.
The days grow long,
And soon I?ll hear old winter’s song.
But I miss you mus of all, my darling, When autumn leaves start to fall.

Nat King Cole

quarta-feira, janeiro 28, 2004

terça-feira, janeiro 27, 2004

Special Weapons and Tactics aka S.W.A.T.

Pois é, lá andei eu outra vez no cinema. Desta feita fui ver o S.W.A.T., ou seja, duas horas de entretenimento bem passadas.
De resto pouco tenho a dizer. Os actores são bons, mas já deram provas melhores noutros filmes. O argumento está coerente, mas sem ser inesperado. Há tiros e explosões q.b., sem, no entanto, me parecerem demasiado exageradas. Aliás, uma equipa S.W.A.T. é conhecida pela sua eficácia e não pelo seu desperdício de munições. A realização é segura.
O pior mesmo é o Colin Farrell não tirar a camisola mais vezes, mas helas, outros filmes virão.

OBS. Querem uma sala de cinema só para vocês à sexta-feira à noite?

sexta-feira, janeiro 23, 2004

A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Estórias

Mais conhecido do público pela sua faceta de realizador, Tim Burton deu também vida a outras personagens que se distinguem das cinematográficas apenas porque são apresentadas noutro tipo de suporte.
Este pequeno livro editado em Portugal pela Errata, é preenchido por várias criaturas diferentes e que pela sua própria diferença são repelidas pela sociedade e muito principalmente pela família, para a qual deveriam ser um motivo de alegria e orgulho e apenas representam a vergonha e o medo.
Estas crianças/criaturas são seres inadpatados à procura do seu lugar no mundo que não está preparado para as receber, para as amar, para as compreender.
Mas a particulariedade do livro deve-se igualmente às ilustrações que acompanham cada pequena história e que em conjunto com o texto conferem ou confirmam o dramático destino das suas personagens.
Dos seres mais estranhos que encontramos podemos tirar algumas remniscências da obra cinematográfica de Burton. Por exemplo, a Rapariga de olhos Fixos que nos recorda a apaixonada do protagonista de "O estranho mundo de Jack".
Burton explora aqui uma vez mais o lado sombrio e mórbido do ser humano, repleto não de monstros no armário e do medo que estes provocam, mas que vem lembram que os verdadeiros monstros não são as más caras de Halloween, mas sim quem por trás delas se esconde.
Os seus heróis são crianças indesejadas pelos pais cujas relações são exploradas com um enorme cinismo e ironia além de uma grande simplicidade e cujo final é na maioria das vezes marcado pela morte. São filhos do mar, do desconhecido, da tecnologia, nunca reconhecidos pelos verdadeiros progenitores, incapazes do acto de amar uma criança diferente. Ao apresentar estes seres amaldiçoados, podemos ver nestas histórias a desconstrução ou o desmorenamento do sonho americano, do american way of life.
Temos ainda que congratular a excelente tradução de Margarida Vale de Gato, que tenta manter sempre as rimas e os trocadilhos a que Burton também já nos habituara na série animada Beetljuice.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Apelidos Curiosos

Para quem não sabe, durante o Verão passado trabalhei durante dois meses a inserir fichas numa base de dados. Quero partilhar agora com vocês alguns dos apelidos mais curiosos que encontrei. Aqui vai:

Pécurto Pinto
Siúja
Cornacho
Galhanas Cavaco
Arraiolos Calado
Calado Catrola
Camponês Calado
Milho Registo Valente
Prezado Louro
Amado de Jesus
Nascimento Bastardo
Messias dos Santos
Parcelas Perpétuo
Máximo Bicha
Palma Palminha
Fidalgo Francisquinho
Samúdio
Cavaleiro Gatoeiro
Navelfa
Lusitano-Espinhal
Riça Ablu
Serrachino
Borrego Aranha
Lambério
Bexiga Ruivo
Zé Tola
Laudácias
Serambeque
Malfeito
Mercachita
Diz Traquina Periquito
Parraxo Prior
Azengue
Jarego
Chemela
Carreço Perninhas
Farrobilha
Pegacha Paquincha
Endereço Canhoto
Alabaça
Bacatelo
Saianda
Dias Maluco
Patinho Ricos-Olhos
Patarrana
Capela Alface
Mão de Ferro Marmelo
Pinto Rijo
Pifano Quinas
Bonito Ourives
Curinha Bezerra
Maneta Projecto Lapão
Bucho Burralho
Farfalho
Faz Tudo
Cota Charrua
Remechido Cristo
Pernas Alegrias
Rebola Amante
Russo Rato
Messias Branco
Azougado
Bragadeste
Melgas
Palhoça
Jarnito
Pinóia
Bolila
Ricos-Olhos Laranjo
Roleta Lacoete
Massas Mouquinho
Vira Manhoso
Jesus Patego
Quendera
Sinais de Oliveira
Queijinho Rato

terça-feira, janeiro 20, 2004

Abril Despedaçado

Abril Despedaçado (2001) PosterAbril Despedaçado conta a história de Menino, assim mesmo, Menino, mas com uma pronúncia do interior do Brazil, exactamente aquela com o erres enrolados. Menino esse que nos relata a sua história de amor fraternal e o seu fascínio e encamento pelas sereias.

Bem no interior desse imenso país, no início de século, existem duas famílias rivais cujo obtuso sentido de honra e vingança exige alternadamente a vida de cada um dos seus homens. Homens esses que crescem com o peso da "obrigação" de vingar os seus queridos tirando a vida, única e exclusivamente, de quem a ceifou ao seu ente mais próximo, sem nunca derramar o sangue de inocentes pelo meio.
Neste vai e vem de vinganças, a família de Menino, que de tão desgraçada nem um nome lhe deu, encontra-se em clara desvantagem. O seu filho mais velho foi o último morto a enterrar, agora a sombra da morte sobre Tonho, o filho do meio, restando depois apenas Menino. Com a linha do tempo cada vez mais curta, Tonho tem ainda viver nos poucos dias a vida que sempre lhe foi proibida pelo pai autoritário. E é neste dias que os dois irmãos se encantam pela sereia e pelo circo e que a coragem e dignidade de Menino termina com este ciclo vicioso de mortes.
Abril Despedaçado é um filme a ver. Um dos exemplos do mais recente cinema brasileiro e com o qual se fica a conhecer um pouco do seu interior.

Povos e armas

Passou ontem na :2 um interessante documentário sobre os povos europeus, como estes se debateram em guerra e foram saindo vencedores. Foi interessante ver como as técnicas, estratégias e armamentos evoluiram ao longo dos cerca de 20 séculos retratados, bem como as suas motivações.
A viagem começou com os celtas cuja técnica de guerra consistia sobretudo na utilização de uma espada com cerca de 90 cm de cumprimento e no aterrorizar os seus oponentes através de uma aparência caótica e gritos de amedrontamento.
De seguida, foi passado em revista o exército romano, considerado um dos mais eficientes de sempre, quer devido à sua extrema organização quer ao equipamento utilizado. A grande inovação dos romanos foi a sua organização em falanges, centúrias, coortes e legiões, bem como a sua estratégia no campo de batalha com tácticas como a carapaça de tartaruga, na qual os soldados avançavam protegidos pelos escudos cuja disposição era semelhante a uma carapaça. Em termos de equipamento, o exército romanos desenvolveu a utilização do pillum (dardo) e do gládio, uma pequena espada para combate a curta distância.
Um dos povos que combateram os romanos foram os Hunos, cujas maiores arma eram a sua destreza como cavaleiros e a sua eficácia com o arco e flecha. Mesmo montados a cavalo, os hunos tinham um grande grau de eficácia com esta arma.
Outro dos povos retratado foram os Vikings, que além de manejar espadas com cerca de 1 m, desenvolveram técnicas de combate náutico, nomeadamente de abordagem. Os seus longos barcos (entre 13 e 26 m) eram feitos a partir de um único tronco de árvore. Em alto mar e recorrendo às velas conseguiam atingir uma velocidade de 10 nós, quando se aproximavam de terra recorriam então à força braçal e utilizavam os remos. Foi com este tipo de embarcação que, por ser extremamente baixa, conseguiram conquistar algumas das mais importantes povoações fluviais europeias, bem como ser o primeiro povo a chegar à costa americana, mais propriamente à Gronelândia no reinado de Eric, o Vermelho.
Nas suas viagens, os Vikings conheceram as suas primeiras derrotas na Irlanda devido ao seu desconhecimento das marés locais e à extrema eficácia do povo autóctone no manejamento do machado, denominado tahoa.
Já os Normandos desenvolveram a arte da cavalaria. Estes iniciavam o seu aprendizado aos sete anos, quando entravam ao serviço de um cavaleiro, e só o terminavam aos 21, quando eram finalmente designados cavaleiros.

sabedoria

Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever onde o vento o esquecimento e o perdão se encarreguem de passar e apagar a lembrança. Por outro lado, quando nos acontece algo de grandioso, devemos gravar isso na pedra da memória e no coração onde vento nenhum em todo o mundo possa passar.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Mais leituras...

(...) Decididamente, há livros que nos prendem desde as primeiras páginas, porque é como se tivessem sido escritos para nós. Não é que o mundo não tenha direito a conhece-los; apenas enquanto os lemos, o resto do mundo deixa de existir para nós.
António Mega Ferreira, in Visão

Para ti Bruno

The Hands That Built America

Oh, my love, it's a long way we've come
From the freckled hills to the steel and glass canyons
From the stony fields to hanging steel from sky
From digging in our pockets for a reason not to say goodbye

These are the hands that built America
America

Last saw your face in a watercolor sky
As sea birds argue, a long goodbye
I took your kiss on the spray of the new land star
You gotta live with your dreams, don't make them so hard

And these are the hands that built America
America

Of all the promises, is this one we could keep
Of all of the dreams, is this one still out of reach

Halle, holy

It's early fall, there's a cloud on the New York skyline
Innocence dragged across a yellow line

These are the hands that built America
These are the hands that built America
America
America

quarta-feira, janeiro 14, 2004

O Último Samurai

Vi no passado domingo o muito famigerado O Último Samurai, anunciado por muitos como um dos grandes candidatos aos Óscares deste ano. Possíveis nomeações à parte, este é um filme bastante interessante.
O maior motivo de interesse do filme é o véu que levanta sobre o código de honra dos samurais. Digo ponta do véu porque mesmo para mim que pouco sei sobre o assunto fica sempre a sensação de que há muito mais para além do que é mostrado na edição de cinema. Talvez numa posterior edição em DVD tenhamos direito a mais pormenores sobre a ética dos samurais. Mas por agora temos que nos ficar pelo que o filme nos mostra e cujo objectivo me parece plenamente conseguido. Para um filme concebido para atingir um grande número de espectadores, talvez até nem se possa pedir mais.
Tirando o final de toque cor-de-rosa dos últimos cinco minutos de filme, que é bonito sim senhor, mas apenas acessório para um final feliz, o filme aborda não só o final de uma elite de guerreiros como o final do império japonês.
Quanto a aspectos técnicos gostei particularmente da fotografia, da coreografia das cenas de luta, bem como do guarda-roupa. O argumento é como já disse interessante, mas também feito à medida de Tom Cruise (que não, não é o último samurai), mas para mim a grande estrela do filme é sim Ken Watanabe (sim o último samurai).
Já agora uma sugestão, uma versão DVD sem o Tom.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

horóscopo diário

o meu horoscopo de hoje diz:

Um óptimo dia para planear uma viagem com um amigo chegado. Simplesmente pelo prazer de passar uns dias juntos.

Assim sendo, aceitam-se sugestões e inscrições. só não vale idas à Buraca, Baixa da Banheira e Cova da Moura. Para isso já me basta Cacém city.

terça-feira, janeiro 06, 2004

The radio is on and it plays ...

The sea is swells like a sore head
and the night it is aching
Two lovers lie with no sheets on their bed
and the day it is breaking

On rainy days we go swimming out
on rainy days, swimming in the sound
On rainy days we go swimming out

You're in my mind all of the time
I know that's not enough
if the sky can crack
there must be some way back
for love and only love

Car alarm won't let you back to sleep
you kept awake dreaming some else's dream
coffee is cold, but it will get you through
compromise, there's nothing new to you
let's see colours that have never been seen
let's go to places no one else has been

You're in my mind all of the time
I know that's not enough
if the sky can crack
there must be some way back
to love and only love

Electrical Storm
Electrical Storm
Electrical Storm
Baby don't cry

It's hot as hell, honey in this room
sure hope the weather will break soon
the air is heavy, heavy as a truck
hope the rain will wash away our bad luck

heeeey... heeeey.....

If the sky can crack, there must be some way back
for love and only love

Electrical Storm
Electrical Storm
Electrical Storm

Baby don't cry
Baby don't cry
Baby don't cry
Baby don't cry


So sing along with me
Com o novo ano, novas propostas vieram à tona. Cabe a cada um de nós fazer uma selecção das mesmas.
Nem todas as novas propostas ou desafios serão aquilo que esperamos ou desejamos, mas a vida é mesmo assim. há que fazer o melhor possível com o que ela nos dá.

Uma das propostas do novo ano é a :2. Ainda é um pouco cedo para fazer uma análise a esta nova mudança. Será melhor, será pior?
Pelo menos num ponto já tem a minha aprovação. Chama-se 7 PALMOS DE TERRA e vai para o ar às 22h de segunda-feira. Para mim, é a melhor série dos últimos anos em TV. Recomendo a quem acha que tem um trabalho lixado, uma família marada, e não sabe o que fazer da vida (ou da morte). Para ver e pensar um pouco.